Adrien - Domingo 18 Agosto 2024

Você quer seguir uma dieta "paleolítica"? Veja o que você está arriscando

As dietas muito ricas em proteínas, também chamadas de "dietas paleolíticas", estão na moda.

Usando modelos de camundongos, cientistas da Universidade de Genebra (UNIGE) estudaram seu impacto. Eficazes para regular o peso e estabilizar o diabetes, elas não são isentas de riscos.


O excesso de proteínas aumenta fortemente a produção de amônio e o fígado, responsável por sua eliminação, fica sobrecarregado. O excesso de amônio pode causar distúrbios neurológicos, chegando até o coma nos casos mais graves. Estes resultados, detalhados no Journal of Biological Chemistry, alertam para a cautela na adoção dessas dietas.

O diabetes tipo 2 é uma doença metabólica em constante aumento. Na Suíça, estima-se que mais de 400.000 pessoas sejam afetadas. Sob o efeito combinado de um estilo de vida sedentário e uma alimentação excessivamente rica, o pâncreas, danificado, luta para regular o nível de açúcar no sangue. Embora os tratamentos atuais permitam que as pessoas afetadas controlem a progressão da doença, eles não a curam. Uma grande parte do tratamento envolve a perda de peso.


"Dietas ricas em proteínas animais e/ou vegetais, chamadas paleolíticas, podem ser usadas para estabilizar o diabetes tipo 2 e regular o peso", explica Pierre Maechler, professor titular do Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, que liderou este trabalho. Essas dietas se inspiram na alimentação baseada em carne que prevalecia na era pré-histórica. "Mas quais são suas consequências para o organismo? Elas são realmente inofensivas? Isso é o que procuramos descobrir."

O fígado sob pressão


O amônio é um resíduo normal derivado da degradação das proteínas, que é eliminado em grande parte no fígado sob a forma de ureia não-tóxica, por meio de uma enzima chamada glutamato desidrogenase, ou GDH. Em caso de sobrecarga de proteínas, a enzima GDH fica sob pressão. Para estudar o impacto das dietas hiperproteicas, a equipe de Pierre Maechler alimentou camundongos saudáveis e camundongos sem a enzima GDH no fígado com alimentos ricos em proteínas, imitando as dietas chamadas paleolíticas.

Os cientistas observaram que, em camundongos saudáveis, embora o excesso de proteínas aumente a produção de amônio, o fígado consegue lidar com esse excedente graças à ação da enzima GDH, que desintoxica o amônio antes que cause danos. "Por outro lado, em camundongos sem a enzima GDH, o fígado não consegue eliminar o excesso tóxico de amônio derivado das proteínas. Não são necessárias semanas ou meses, uma mudança na alimentação durante alguns dias é suficiente para observar consequências significativas", explica Karolina Luczkowska, antiga doutoranda no Departamento de Fisiologia Celular e Metabolismo da Faculdade de Medicina da UNIGE, e primeira autora do estudo.

Cautela é necessária


Estes resultados sugerem que, em caso de disfunção da enzima GDH, as dietas hiperproteicas causariam um excesso deletério de amônio. O amônio, não eliminado pelo fígado, pode causar distúrbios graves, especialmente neurológicos.

Com base em um teste de sangue, seria possível avaliar a atividade da GDH e evitar sobrecarregar com proteínas o metabolismo das pessoas cujo a enzima GDH não funcionaria adequadamente. "Portanto, é importante estar bem informado antes de seguir uma dieta hiperproteica", conclui Pierre Maechler.

Fonte: Universidade de Genebra
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