Um novo integrante apareceu na constelação de medicamentos e produtos utilizados para melhorar o sono.
De fato, 16% dos adultos canadenses poderiam estar usando cannabis ou derivados de cannabis para tratar sua insônia, revela um estudo publicado na revista
Sleep Medicine por uma equipe de pesquisa liderada por
Charles Morin, da Escola de Psicologia da Universidade Laval e do Centro de Pesquisa CERVO.
Imagem ilustrativa Pixabay
O professor Morin e outros 11 cientistas de Quebec e Ontário chegaram a essa conclusão após conduzir, entre abril e outubro de 2023, uma pesquisa com 4037 adultos canadenses. Essas pessoas aceitaram responder a várias perguntas relacionadas ao sono.
"Mais de 16% dos participantes do estudo apresentavam sintomas que condizem com os critérios do transtorno de insônia," relata Charles Morin. "Essas pessoas estavam insatisfeitas com seu sono, tinham dificuldades para adormecer e permanecer dormindo ou acordavam cedo. A falta de sono interferia em seu funcionamento diário e lhes causava grande sofrimento. Esses sintomas de insônia ocorriam ao menos três vezes por semana, por três meses ou mais."
As respostas também revelaram que 46% dos participantes da pesquisa haviam utilizado produtos, nos 12 meses anteriores ao estudo, para ajudá-los a dormir. "Isso é quase o dobro do que medimos há 16 anos", observa o professor Morin.
Os produtos mais frequentemente utilizados são produtos naturais e medicamentos de venda livre, como a melatonina e a valeriana (29%), o cannabis (16%), medicamentos prescritos (15%) e álcool (10%).
"O uso de cannabis chega a 28% na faixa etária de 18-35 anos", observa o professor Morin. "Levando em conta todas as faixas etárias, as pessoas que utilizam cannabis o fazem, em média, 4 vezes por semana."
Exceto pelos sedativos, as ajudas para o sono discutidas neste estudo não foram extensivamente pesquisadas até o momento, observa o pesquisador. "Isso é particularmente verdadeiro para a melatonina. Apesar de seu uso difundido, ainda conhecemos muito pouco sobre os riscos e benefícios desse produto no tratamento da insônia."
A popularidade do cannabis como tratamento autoadministrado para a insônia é preocupante, continua Charles Morin. "Não há dados confiáveis que indiquem que o cannabis é eficaz e seguro contra a insônia. No entanto, seus efeitos negativos sobre a saúde mental dos jovens estão bem documentados."
A intervenção de primeira linha recomendada para o transtorno de insônia é a terapia cognitivo-comportamental, lembra o pesquisador, que participou do desenvolvimento dessa abordagem cuja eficácia já foi muitas vezes demonstrada. "Esse deveria ser o primeiro tratamento oferecido às pessoas que sofrem de insônia. No entanto, a falta de recursos no sistema de saúde torna essa recomendação difícil de ser aplicada no momento. Nós esperamos que o desenvolvimento eventual de um programa de autocuidados, dedicado a esse tratamento e destinado a casos de insônia que não requerem a presença de um profissional de saúde, possa solucionar parte desse problema de acessibilidade."
Os outros signatários do
estudo associados à Universidade Laval são Lydi-Anne Vézina-Im, Si-Jing Chen, Hans Ivers e Geneviève Belleville.
Fonte: Universidade Laval