O câncer de mama, um dos cânceres mais comuns entre as mulheres, pode em breve se beneficiar de uma nova abordagem terapêutica. Uma nova molécula, testada com sucesso em modelos animais, promete eliminar tumores com uma única dose, abrindo caminho para um tratamento mais rápido e menos invasivo.
Esta descoberta, publicada na
ACS Central Science, marca uma virada na luta contra o câncer de mama com receptores de estrogênio positivos (ER+), que representa 70 a 80% dos casos. Enquanto os tratamentos atuais, muitas vezes longos e desgastantes, vêm acompanhados de efeitos colaterais significativos, esta nova molécula, batizada de ErSO-TFPy, oferece uma esperança de cura mais simples e melhor tolerada.
As limitações dos tratamentos atuais
As terapias hormonais, embora eficazes, geralmente exigem vários anos de tratamento. Elas podem causar dores articulares, fadiga, distúrbios hormonais e aumentar os riscos de osteoporose ou cânceres secundários. Além disso, cerca de 20 a 30% das pacientes sofrem recidivas, às vezes anos após o término do tratamento.
Essas limitações destacam a urgência de desenvolver alternativas mais direcionadas e menos invasivas. Os pesquisadores estão agora focados em moléculas capazes de destruir especificamente as células cancerígenas, preservando os tecidos saudáveis e reduzindo os efeitos indesejados.
A descoberta da ErSO-TFPy
Desenvolvida pelo Dr. Paul Hergenrother e sua equipe, a molécula ErSO-TFPy age induzindo a necrose das células cancerígenas, um processo que as faz inchar e morrer. Testada em camundongos, ela conseguiu eliminar quase completamente os tumores com uma única dose, sem efeitos colaterais significativos.
Esta versão aprimorada da ErSO, uma molécula previamente estudada, mostra maior eficácia e melhor tolerância. Os resultados, embora preliminares, são suficientemente promissores para considerar ensaios clínicos em humanos.
Uma esperança para o futuro
Se os resultados se confirmarem em humanos, a ErSO-TFPy pode transformar o tratamento do câncer de mama ER+. Uma dose única (ou apenas algumas doses) substituiria anos de tratamento, melhorando assim a qualidade de vida das pacientes e reduzindo os riscos de recidiva.
No entanto, os pesquisadores permanecem cautelosos. A transição de modelos animais para humanos exige estudos aprofundados para confirmar a eficácia e a segurança do tratamento. Apesar desses desafios, esta descoberta representa um avanço significativo na luta contra o câncer de mama.
Para saber mais: o que é o câncer de mama ER+?
O câncer de mama ER+ (com receptores de estrogênio positivos) é um subtipo de câncer de mama em que as células tumorais possuem receptores sensíveis ao hormônio estrogênio. Esse hormônio estimula o crescimento das células cancerígenas, o que explica por que esse tipo de câncer representa 70 a 80% dos casos diagnosticados.
Os tratamentos atuais visam esses receptores para bloquear a ação do estrogênio, retardando assim a progressão da doença. No entanto, essas terapias, muitas vezes longas e associadas a efeitos colaterais, nem sempre garantem a erradicação completa das células cancerígenas, deixando um risco de recidiva.
O câncer de mama ER+ é geralmente tratado com uma combinação de cirurgia, radioterapia e hormonoterapia. Apesar de sua eficácia, esses tratamentos podem causar efeitos adversos, como dores articulares, fadiga ou fragilização dos ossos, impactando a qualidade de vida das pacientes.
A descoberta de moléculas como a ErSO-TFPy, que visam especificamente as células ER+ enquanto minimizam os efeitos colaterais, representa um avanço significativo. Essas novas abordagens podem transformar o tratamento desse câncer, oferecendo terapias mais curtas e melhor toleradas.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: ACS Central Science