Adrien - Terça-feira 30 Setembro 2025

🍽️ Uma simples modificação alimentar para combater o câncer cerebral?

O glioblastoma, uma forma particularmente agressiva de câncer cerebral, poderia ver sua resistência aos tratamentos enfraquecida por uma simples modificação alimentar.

Esta abordagem inovadora explora uma fraqueza metabólica específica das células cancerosas, como revela um estudo recente que abre perspectivas promissoras para melhorar a eficácia das terapias existentes.

Os pesquisadores descobriram que as células de glioblastoma modificam profundamente seu metabolismo para sustentar seu crescimento desenfreado. Ao contrário das células saudáveis que usam glicose para produzir energia e neurotransmissores, as células tumorais a desviam principalmente para a fabricação de nucleotídeos, os blocos elementares do DNA. Este redirecionamento metabólico lhes permite reparar rapidamente os danos causados pela quimioterapia e radioterapia, explicando assim sua resistência aos tratamentos convencionais.


Os cientistas identificaram como o glioblastoma depende da serina, um aminoácido essencial ao seu crescimento.
Crédito: DR P. MARAZZI/SCIENCE PHOTO LIBRARY via Getty Images


O estudo combinou análises em tecidos humanos coletados durante intervenções cirúrgicas e experimentações em modelos murinos. Estes últimos receberam uma infusão de glicose antes de sua operação, permitindo aos cientistas traçar precisamente o percurso das moléculas nas células saudáveis e cancerosas. Esta metodologia revelou que os tumores também capturam serina em seu ambiente imediato, um aminoácido que amplifica sua proliferação descontrolada.

Diante desta dependência, a equipe testou uma estratégia dietética consistindo em reduzir drasticamente o aporte de serina em camundongos portadores de tumores humanos. Privadas deste recurso externo, as células cancerosas foram forçadas a realocar sua glicose para a produção de serina, reduzindo assim sua capacidade de sintetizar os nucleotídeos necessários para o reparo de seu DNA. Esta vulnerabilidade aumentada permitiu que os tratamentos de quimioterapia e radioterapia fossem mais eficazes, prolongando significativamente a sobrevida dos animais.

Os pesquisadores reconhecem que esta janela terapêutica poderia ser temporária, já que as células de glioblastoma são conhecidas por sua capacidade de adaptação rápida. Um ensaio clínico está em preparação para avaliar esta abordagem em pacientes humanos, combinando dietas alimentares específicas e tratamentos padrão. Esta pista representa um avanço significativo na compreensão dos mecanismos metabólicos do câncer e abre caminho para novas estratégias terapêuticas personalizadas.

A serina e seu papel biológico


A serina é um aminoácido dito 'não essencial' que o organismo pode normalmente sintetizar a partir de outros compostos. Ela desempenha, porém, papéis múltiplos e vitais no funcionamento celular, indo muito além de sua simples incorporação nas proteínas.

Esta molécula participa ativamente na produção de neurotransmissores como a glicina e a serotonina, essenciais para a comunicação entre os neurônios. Ela intervém também na síntese de fosfolipídios, componentes maiores das membranas celulares, e na produção de nucleotídeos, as unidades de base do DNA e do RNA.


No que diz respeito ao câncer, a demanda por serina aumenta consideravelmente porque as células tumorais precisam dela para sustentar sua proliferação acelerada. Alguns cânceres desenvolvem até mesmo uma dependência da serina externa, preferindo captá-la em seu ambiente em vez de produzi-la elas mesmas.

Esta particularidade representa uma vulnerabilidade terapêutica potencial, pois ao limitar o aporte externo de serina, pode-se perturbar seletivamente o metabolismo das células cancerosas sem afetar muito as células saudáveis que conservam sua capacidade de síntese.

Fonte: Nature
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