Será que uma simples análise de sangue pode prever os riscos de doenças cardíacas décadas antes?
Um novo estudo promissor sugere que um teste sanguíneo pode prever os riscos cardiovasculares em mulheres trinta anos antes das atuais técnicas.
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E se este teste se tornasse uma ferramenta essencial de prevenção? Este exame baseia-se em três biomarcadores: dois tipos de gorduras e um indicador de inflamação, capazes de delinear um perfil preciso da saúde cardíaca.
As doenças cardiovasculares (acidentes vasculares cerebrais, enfartos do miocárdio, insuficiências cardíacas, etc.) são a principal causa de morte entre mulheres na França, superando até mesmo os cânceres. O sedentarismo, o estresse, o consumo de álcool, o tabagismo e a obesidade aumentam esses riscos. As tradicionais técnicas de rastreamento concentram-se frequentemente apenas no colesterol LDL, negligenciando assim outros marcadores-chave.
O Brigham and Women's Hospital de Boston estudou, durante 30 anos, cerca de 28.000 mulheres. Os resultados mostram que três biomarcadores oferecem uma previsão mais precisa dos riscos cardíacos em trinta anos. Além do colesterol LDL, identificaram a lipoproteína (a) e a proteína C-reativa (CRP) como fatores determinantes.
As mulheres com os níveis mais elevados desses três biomarcadores tinham um risco de acidente vascular cerebral 1,5 vezes maior e de doença coronariana três vezes maior. Isso destaca a importância de não se limitar a um único indicador, mas de combinar esses três fatores para uma avaliação mais precisa.
A associação desses marcadores mostra como a inflamação e as gorduras sanguíneas interagem para aumentar o risco. Por exemplo, uma CRP elevada sinaliza uma inflamação latente, que pode agravar os efeitos do colesterol LDL sobre as artérias.
Os pesquisadores sugerem integrar esses testes na rotina médica para uma detecção precoce e uma prevenção mais direcionada. Ao adaptar os tratamentos e recomendações, seria possível reduzir os riscos bem antes do aparecimento dos sintomas.
Essas descobertas, embora focadas em mulheres, também poderiam se aplicar a homens, oferecendo assim um potencial imenso para melhorar a saúde cardiovascular global.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The New England Journal of Medicine