Cédric - Terça-feira 18 Novembro 2025

🫳 Um sentido oculto identificado no ser humano: podemos "tocar à distância"!

Trabalhos de pesquisadores britânicos revelam que nossa percepção tátil transcende as fronteiras do contato físico imediato.

Esta descoberta questiona as concepções estabelecidas sobre os limites dos nossos sentidos, revelando um potencial humano compartilhado com algumas espécies de aves. O estudo abre perspectivas inéditas sobre a maneira como nosso sistema nervoso interpreta sinais mecânicos propagados no ambiente.

A pesquisa colaborativa realizada por equipes da University College London e da Queen Mary University of London explora esta faculdade pouco conhecida denominada "toque à distância". Ao contrário da visão ou da audição que percebem estímulos à distância, o tato era considerado necessariamente proximal. Porém, a experimentação demonstra que nossas mãos podem detectar a presença de objetos ocultos antes de qualquer contato direto, graças a uma sensibilidade excepcional aos microdeslocamentos das partículas circundantes.



Os mecanismos de uma percepção até então ignorada



O estudo baseou-se em um protocolo experimental rigoroso envolvendo doze participantes. Estes deveriam localizar um cubo enterrado na areia realizando leves movimentos de dedos sobre a areia sem estabelecer contato físico com o cubo. Os resultados evidenciaram uma precisão de detecção atingindo 70,7% na faixa de detecção teórica, provando a realidade desta percepção à distância no ser humano.

A modelagem física do fenômeno revelou que as mãos humanas percebem as ínfimas perturbações mecânicas geradas no meio granular. Quando a areia se move ao redor de um objeto enterrado, ela produz "reflexões" mecânicas que se propagam até a superfície. Nosso sistema sensorial seria capaz de interpretar estes sinais sutis, aproximando-se dos limites teóricos de detecção previstos pelos modelos físicos.

Esta capacidade apresenta similaridades impressionantes com aquela observada em aves costeiras como os maçaricos. Estes utilizam seus bicos especializados para detectar suas presas enterradas interpretando as variações de pressão na areia úmida. O estudo publicado na IEEE International Conference on Development and Learning estabelece assim uma ponte inesperada entre a percepção humana e a das aves.

Aplicações tecnológicas e perspectivas


A comparação com um sistema robótico equipado com sensores táteis forneceu ensinamentos valiosos. O braço robótico, treinado por um algoritmo de memória de longo prazo, podia detectar objetos a distâncias ligeiramente superiores mas com uma precisão global nitidamente inferior (40%). Esta diferença de performance mostra a eficiência do processamento sensorial humano frente a sinais ambíguos.

As implicações tecnológicas desta descoberta são consideráveis. Como explica Zhengqi Chen, doutorando no Laboratório de Robótica Avançada, este novo entendimento abre caminho para ferramentas e tecnologias de assistência estendendo a percepção tátil humana. Os sistemas robóticos poderiam integrar esta sensibilidade natural para operações delicadas em meios complexos.

Os domínios arqueológico e espacial figuram entre os beneficiários potenciais destes avanços. A detecção de artefatos frágeis ou a exploração de solos marcianos poderiam ser melhoradas por sistemas capazes de interpretar os sinais mecânicos muito fracos.

Para ir mais longe: O que é o toque à distância nas aves?



Algumas espécies de aves limícolas possuem uma capacidade extraordinária de localizar suas presas enterradas na areia. Seus bicos contêm receptores sensoriais especializados na detecção de variações de pressão.

As pesquisas anteriores mostram que os maçaricos utilizam gradientes de pressão para identificar crustáceos enterrados. Sua sensibilidade lhes permite discriminar presas a vários centímetros de profundidade sem contato direto.

A estrutura do habitat influencia esta capacidade. As raízes dos prados marinhos podem obstruir os campos de pressão, reduzindo o desempenho da detecção. Ao contrário, a umidade da areia melhora a transmissão dos sinais.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: IEEE International Conference on Development and Learning
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