Pesquisadores da Universidade de Göttingen se debruçaram sobre um fenômeno geológico intrigante no Uruguai. Esses cientistas buscam desvendar os mistérios por trás da formação das geodas de ametista, presentes em antigos fluxos de lava.
Geoda de ametista e calcita do distrito de Los Catalanes, pronta para venda.
Crédito: Fiorella Arduin Rode
As geodas de ametista, de rara beleza, formam-se em cavidades rochosas vulcânicas. Mas como esses cristais violeta se formaram há milhões de anos após a separação do supercontinente Gondwana?
Foi no norte do Uruguai, uma região rica em recursos gemológicos, que essas geodas excepcionais foram descobertas. Graças às pesquisas realizadas em mais de 30 minas ativas, avanços importantes foram feitos em relação à sua origem.
Utilizando técnicas de ponta, a equipe de Göttingen descobriu que os cristais se formam em temperaturas muito mais baixas do que se pensava, entre 15 e 60 °C. Além disso, a água responsável por sua cristalização parece vir do ciclo natural de águas subterrâneas.
Essas geodas são encontradas em cavidades basálticas. A combinação entre água levemente salina e o resfriamento do magma permitiu que os cristais de ametista se formassem em condições bastante específicas. O processo ainda é em parte misterioso, mas a equipe conseguiu propor um modelo inovador.
Modelo de mineralização proposto.
a - Circulação de águas subterrâneas desde a parte mais profunda da bacia do Paraná, subindo até a rocha hospedeira pela reativação de falhas.
b - Fluido mineralizante atingindo cavidades preexistentes numa alternância episódica entre sistema aberto e fechado.
c - Detalhe de b, cristalização das fases minerais.
Fiorella Arduin Rode, pesquisadora da Universidade de Göttingen, destaca a importância desses resultados para entender a formação dessas gemas e melhorar as técnicas futuras de exploração. Ela insiste no papel crucial das condições geológicas locais nesse processo.
As descobertas recentes sem dúvida permitirão aprimorar os métodos de prospecção e garantir uma exploração mais sustentável desses depósitos de alto valor científico e econômico.
O que é uma geoda?
Uma geoda é uma formação rochosa oca, geralmente esférica ou ovóide, que se desenvolve no interior de rochas vulcânicas ou sedimentares. O que a distingue é o seu interior revestido de cristais, como o quartzo ou a ametista, ou outros minerais. O exterior, por sua vez, é geralmente áspero e pouco espetacular.
As geodas se formam principalmente quando cavidades, criadas por bolhas de gás na lava ou por fósseis dissolvidos, são preenchidas gradualmente por minerais dissolvidos na água. Esses minerais cristalizam lentamente nas paredes internas, formando assim as configurações cristalinas visíveis dentro da geoda.
Pesquisadores da Universidade de Göttingen diante de uma geoda de ametista gigante no Uruguai.
Geodas como esta foram descobertas em fluxos de lava resfriados, datados da ruptura original do supercontinente Gondwana há cerca de 134 milhões de anos.
Da esquerda para a direita: Dr. Klaus Wemmer, Fiorella Arduin Rode, Dr. Graciela Sosa, Dr. Alfons van den Kerkhof.
Crédito: Fiorella Arduin Rode
As geodas de ametista, em particular, contêm cristais de quartzo violeta, apreciados há séculos por sua beleza e valor. Essas formações raras são frequentemente encontradas em regiões vulcânicas, como no Uruguai ou no Brasil, onde processos geológicos específicos permitem o seu desenvolvimento.
Fonte: Mineralium Deposita