Um estudo recente revelou um fenômeno surpreendente: uma fenda abriu-se no gelo da Antártica a uma velocidade de 126 km/h.
Esta descoberta vem da observação do Glaciar da Ilha de Pine (Pine Island) na Antártica Ocidental, uma área crucial que atua como um tampão impedindo que os gelos mais internos deslizem para o mar. Em 2012, uma falha de 10,5 quilômetros de comprimento formou-se neste glaciar, marcando o evento de fratura mais rápido conhecido até hoje.
Representação da fratura do Glaciar da Ilha de Pine.
Imagem NASA
Esta descoberta intriga os cientistas, pois sugere que vastas massas de gelo podem se quebrar como vidro. Esse comportamento pode oferecer novas perspectivas sobre como as mudanças climáticas afetam as capas de gelo. A presença de água do mar viscosa nas fendas deveria desacelerar o processo. No entanto, este estudo mostra que a fratura do Glaciar da Ilha de Pine se assemelha mais à quebra de vidro, um comportamento que os modelos atuais agora precisam integrar.
A compreensão desses fenômenos é vital. Os glaciares da Ilha de Pine e de Thwaites, frequentemente apelidado de "Glaciar do Juízo Final", estão recuando desde a década de 1940 e experimentam uma aceleração de sua fusão desde a década de 1980. Sua desaparição poderia ter consequências dramáticas, uma vez que a fusão de Thwaites já contribuiu com 4% do aumento global do nível do mar. Se esses glaciares derretessem completamente, isso levaria a um aumento significativo do nível dos mares.
A fratura do Glaciar da Ilha de Pine.
Imagem NASA
Estes resultados, publicados no jornal
AGU Advances, sublinham a urgência de monitorizar estes comportamentos glaciais para antecipar os efeitos das mudanças climáticas no nosso ambiente. O método de pesquisa combinando observações por satélite e dados sísmicos pode abrir caminho para uma melhor compreensão e modelagem das fraturas do gelo, um desafio crucial para o futuro do nosso planeta.
Fonte: AGU Advances