Cédric - Terça-feira 25 Março 2025

Um peixe de 15 milhões de anos incrivelmente preservado 🐟

Uma descoberta paleontológica na Austrália oferece um raro vislumbre da vida aquática pré-histórica. Este fóssil, notavelmente bem preservado, revela detalhes surpreendentes, desde sua dieta até suas cores.


Nas rochas ricas em ferro de McGraths Flat, em Nova Gales do Sul, pesquisadores descobriram um fóssil de peixe de água doce datando de 15 milhões de anos. Batizado de Ferruaspis brocksi, este espécime pertence a um grupo de peixes ainda presente hoje na Austrália. Sua preservação excepcional permite estudar não apenas sua anatomia, mas também seu comportamento e ambiente.

Um fóssil com múltiplas revelações


Este peixe, o primeiro fóssil de peixe-espada de água doce descoberto na Austrália, lança luz sobre a evolução dos ecossistemas aquáticos do Mioceno. Os pesquisadores conseguiram identificar sua dieta graças aos restos de invertebrados encontrados em seu estômago, principalmente larvas de mosquitos-fantasma. Esses detalhes oferecem uma rara visão das interações entre espécies nesse ambiente pré-histórico, revelando um ecossistema rico e interconectado.

Um detalhe intrigante também foi observado: um parasita, um jovem molusco de água doce, estava preso à sua cauda. Esses moluscos, chamados gloquídios, usam os peixes como meio de transporte para se dispersar nos cursos d'água. Essa descoberta mostra que Ferruaspis brocksi desempenhava um papel fundamental em seu ecossistema, tanto como predador quanto como hospedeiro, ilustrando as relações simbióticas que já existiam há 15 milhões de anos.


A - Fotografia.
B e C - Desenhos em linha mostrando a posição das diferentes nadadeiras, do olho e do estômago. A escala é de 8 mm.


O estudo dos melanossomos, estruturas microscópicas responsáveis pela pigmentação, permitiu reconstituir as cores do peixe. Seu dorso era escuro, sua barriga clara, e duas faixas laterais adornavam seus flancos. Esses padrões de coloração, provavelmente usados para camuflagem ou comunicação, fornecem pistas sobre o comportamento dessa espécie extinta.

Essas múltiplas revelações fazem de Ferruaspis brocksi uma descoberta importante, oferecendo uma visão detalhada da vida aquática no Mioceno e destacando a importância dos fósseis excepcionalmente preservados para a compreensão dos ecossistemas antigos.

McGraths Flat: um sítio excepcional


O sítio de McGraths Flat é classificado como um "Lagerstätte", ou seja, um depósito fossilífero conhecido pela qualidade excepcional de seus fósseis. As rochas ricas em ferro preservaram detalhes minuciosos, oferecendo uma visão precisa da vida há 11 a 16 milhões de anos.

Naquela época, a região era uma floresta pluvial temperada, abrigando uma rica biodiversidade. Os fósseis de plantas, insetos e vertebrados encontrados no local testemunham um ecossistema dinâmico.

Esta descoberta ressalta a importância de McGraths Flat para entender a história natural da Austrália. Cada fóssil é uma peça do quebra-cabeça, revelando pouco a pouco esse passado distante.

Para ir além: O que são melanossomos?


Os melanossomos são organelas celulares presentes nos tecidos dos animais, responsáveis pela produção e armazenamento dos pigmentos chamados melaninas. Esses pigmentos dão cor à pele, pelos, penas e até aos olhos.

Nos fósseis, os melanossomos podem às vezes ser bem preservados, especialmente em condições específicas como as de McGraths Flat. Seu estudo permite que os cientistas determinem as cores de organismos extintos, um avanço significativo na paleontologia.

Até recentemente, essa técnica era usada principalmente para reconstituir as cores das penas de dinossauros. A descoberta de melanossomos em Ferruaspis brocksi marca a primeira aplicação desse método a um peixe fóssil, abrindo novas perspectivas para o estudo de animais aquáticos antigos.

Ao analisar a forma e a densidade dos melanossomos, os pesquisadores podem deduzir não apenas as cores, mas também os padrões e adaptações visuais das espécies extintas, oferecendo um vislumbre inédito de sua aparência e comportamento.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Journal of Vertebrate Paleontology
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