Os rastros brancos deixados pelos aviões podem ser mais problemáticos do que se imagina.
Embora a redução do consumo de combustível seja uma prioridade, outro aspecto menos conhecido da aviação também contribui para o aquecimento global: os rastros de condensação, também chamados de “contrails”.
Essas linhas finas de nuvens, formadas atrás dos aviões, não são meras decorações no céu. Sob certas condições atmosféricas, elas podem se expandir em vastas nuvens de alta altitude que retêm o calor terrestre. Segundo um estudo recente, esse efeito de aquecimento representaria mais da metade do impacto climático da aviação, incluindo o CO
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Imagem de ilustração Pixabay
O pesquisador Fangqun Yu, da Universidade de Albany, examinou esse fenômeno complexo. Ele publicou recentemente suas conclusões na
Environmental Science & Technology, explorando o papel das partículas de fuligem emitidas pelos motores de avião, bem como outras partículas voláteis presentes nos gases de exaustão. São essas partículas que provocam a condensação do vapor de água no ar e formam os cristais de gelo visíveis na forma de contrails.
Fangqun Yu e sua equipe descobriram que as partículas voláteis, anteriormente consideradas secundárias, poderiam desempenhar um papel mais importante do que se pensava. Até agora, acreditava-se que elas só estavam realmente envolvidas quando as emissões de fuligem eram extremamente baixas. No entanto, o novo estudo revela que essas partículas voláteis também contribuem para a formação de contrails, mesmo em níveis médios de emissão de fuligem e sob temperaturas padrão.
Em colaboração com pesquisadores da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão, Fangqun Yu modelou as condições atmosféricas usando dados recentes de campanhas de testes. Os resultados mostram que essas partículas voláteis podem influenciar a quantidade de cristais de gelo criados, tornando os contrails mais espessos e duráveis no céu, o que aumenta seu efeito de aquecimento.
Para reduzir esse impacto, a aviação agora procura usar combustíveis mais limpos e motores inovadores. Fangqun Yu está trabalhando com engenheiros da General Electric para entender melhor o impacto dessas tecnologias nos contrails. Seus testes em uma câmara de simulação da NASA mostram resultados promissores.
Controlando melhor as partículas presentes nos gases de exaustão, a aviação poderia assim limitar a formação de contrails e seu efeito no clima. Essa pesquisa é essencial para entender como a aviação influencia a atmosfera e para orientar inovações em direção a um transporte aéreo mais respeitoso com o meio ambiente.
Fonte: Environmental Science & Technology