Adrien - Segunda-feira 8 Setembro 2025

🍽️ Surpresa: os espessantes alimentares são finalmente digeridos

Os espessantes à base de celulose, omnipresentes na nossa alimentação diária, escondem um comportamento que a ciência está apenas a começar a desvendar.

Uma equipa da Universidade da Colúmbia Britânica descobriu que certas bactérias intestinais humanas são capazes de digerir estes derivados de celulose, graças a enzimas específicas. Estas enzimas, normalmente ativadas pelos polissacarídeos naturais presentes em frutas e vegetais, também podem degradar as moléculas artificiais utilizadas como espessantes. Esta digestão era até agora considerada impossível devido à estrutura destes aditivos, que os torna resistentes.


Imagem de ilustração Pixabay

Os polissacarídeos naturais, como os encontrados em cereais ou vegetais, servem de gatilho ao 'prepararem' as bactérias. Sem esta presença, as enzimas necessárias para a degradação dos espessantes não são produzidas, explicando porque é que os estudos anteriores, realizados em isolamento, não tinham detetado este fenómeno. Esta interação sublinha a importância da diversidade alimentar para ativar plenamente o potencial digestivo do nosso microbioma.


Embora estes aditivos sejam reconhecidos como seguros após anos de utilização, esta descoberta abre caminho para novas investigações sobre os seus efeitos biológicos. Compreender como são metabolizados poderá esclarecer o seu impacto na nutrição e na saúde intestinal, para além do seu simples papel de textura em produtos como o ketchup ou as pastas de dentes.

Os próximos passos consistirão em verificar esta capacidade num leque mais alargado de bactérias intestinais humanas e em estudar as implicações in vivo. Como salientam os investigadores, este avanço põe em causa ideias preconcebidas e mostra que mesmo os compostos considerados inertes podem desempenhar um papel ativo no nosso ecossistema interno.

Os polissacarídeos naturais


Os polissacarídeos são longas cadeias de moléculas de açúcar, presentes naturalmente nas plantas, como frutas, vegetais e cereais. Constituem uma fonte maior de fibras alimentares, essenciais para uma digestão saudável.

Quando consumimos estes polissacarídeos, eles servem de alimento para as bactérias intestinais, que os decompõem em nutrientes utilizáveis. Este processo produz ácidos gordos de cadeia curta, benéficos para a saúde intestinal e geral.

Os polissacarídeos naturais ativam enzimas específicas nas bactérias. Estas enzimas são então capazes de degradar não apenas os polissacarídeos naturais, mas também derivados artificiais de celulose, alargando assim a dieta do microbioma. Esta descoberta lança luz sobre a interdependência entre a nossa alimentação e a atividade bacteriana.

Fonte: Journal of Bacteriology
Ce site fait l'objet d'une déclaration à la CNIL
sous le numéro de dossier 1037632
Informations légales