Adrien - Quinta-feira 11 Dezembro 2025

đŸŒ± Substituir fertilizantes por "resĂ­duos"

Os produtores e as produtoras de milho não precisam temer uma queda no rendimento se substituírem parte dos fertilizantes químicos que aplicam em seus campos por matérias residuais fertilizantes (MRF), como composto, lamas de estaçÔes de tratamento de esgoto e resíduos de fåbricas de desengorduramento.

O estudante-pesquisador Jean-Dominic CÎté e o professor Lotfi Khiari, do Departamento de Solos e Engenharia Agroalimentar da Universidade Laval, demonstram isso em um artigo publicado pela revista Field Crops Research.


Imagem ilustrativa Pixabay

No Quebec, as atividades das cidades, como a coleta de resíduos compoståveis, a biometanização ou o tratamento de åguas residuais, e as das empresas, como as papeleiras ou as fåbricas de desengorduramento, geram anualmente 4,55 milhÔes de toneladas de resíduos orgùnicos. Cerca de 65% desses materiais são reciclados, principalmente em composto (23% da tonelagem reciclada) ou em MRF aplicadas em campos agrícolas (34% da tonelagem reciclada). Aproximadamente um terço dos resíduos orgùnicos ainda vão para aterros sanitårios ou incineradores.


"De um ponto de vista teĂłrico, o uso de MRF apresenta vantagens inegĂĄveis para garantir uma agricultura sustentĂĄvel. Quando enviamos nossos resĂ­duos para aterro ou incineração, os nutrientes que eles contĂȘm sĂŁo de alguma forma perdidos. Ao reciclar nossos resĂ­duos orgĂąnicos, garantimos fechar o ciclo reinserindo os nutrientes no ciclo de produção. As MRF tambĂ©m contribuem para a manutenção e a melhoria das propriedades fĂ­sicas e quĂ­micas dos solos, bem como para sua atividade biolĂłgica", destaca Jean-Dominic CĂŽtĂ©.

A ideia de substituir fertilizantes quĂ­micos por MRF nĂŁo Ă© unĂąnime entre os produtores e as produtoras de milho. Na verdade, alguns temem que as MRF levem a uma queda no rendimento dos campos devido a uma biodisponibilidade menor dos nutrientes que elas contĂȘm. Para determinar se esses temores eram fundamentados, Jean-Dominic CĂŽtĂ© e Lotfi Khiari realizaram experimentos na estação agronĂŽmica da Universidade Laval, localizada em St-Augustin-de-Desmaures, e na fazenda experimental do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento em Agrossistemas (IRDA), localizada em Saint-Lambert-de-Lauzon.

"Testamos, durante duas estaçÔes de crescimento, o efeito de oito tipos de MRF no equilĂ­brio nutricional e nos rendimentos do milho. A quantidade de MRF utilizada permitia atender inteiramente Ă s necessidades de fĂłsforo das plantas e a um terço de suas necessidades de nitrogĂȘnio. O restante foi suprido por fertilizantes quĂ­micos", especifica o estudante-pesquisador.

Os dados obtidos mostram que todas as MRF testadas em combinação com fertilizantes químicos garantem um equilíbrio nutricional pelo menos tão bom quanto uma fertilização baseada apenas em fertilizantes químicos. Quanto aos rendimentos, as combinaçÔes MRF-fertilizantes químicos se saem tão bem quanto os fertilizantes químicos isoladamente.


"Nossos resultados sugerem que as MRF podem substituir parte dos fertilizantes quĂ­micos sem que a saĂșde das plantas ou o rendimento sejam prejudicados", resume Jean-Dominic CĂŽtĂ©. "A transformação de resĂ­duos orgĂąnicos em insumos agronĂŽmicos contribui para a agricultura sustentĂĄvel e para a resiliĂȘncia dos sistemas agrĂ­colas, ao mesmo tempo que reduz os custos de produção."

Nos Ășltimos anos, o receio de que as MRF possam conter certos contaminantes, nomeadamente compostos orgĂąnicos fluorados tambĂ©m chamados de poluentes eternos, pode ter arrefecido o interesse do setor agrĂ­cola por esses tipos de correção do solo, destaca o estudante-pesquisador.

"O aspecto ambiental da reciclagem de MRF deve absolutamente ser estudado para garantir sua inocuidade e tranquilizar o pĂșblico", insiste ele. "É por isso que nossos colaboradores da Universidade de Montreal, da Universidade McGill, do Centro de Expertise em AnĂĄlise Ambiental do Quebec e do IRDA estĂŁo estudando a questĂŁo."

Fonte: Universidade Laval
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