Uma equipe de pesquisadores questionou um princípio fundamental da física, observando partículas de mesma carga se atraindo mutuamente em certas condições, um fenômeno que parece desafiar a lei enunciada pelo físico francês Charles-Augustin de Coulomb no século 18.
Tradicionalmente, acredita-se que cargas opostas se atraem enquanto cargas idênticas se repelem. No entanto, trabalhos publicados em 1º de março na revista
Nature Nanotechnology demonstraram que, na água ou certos álcoois, partículas de mesma carga podem se atrair. Essa descoberta foi feita colocando micropartículas de sílica carregadas, muito pequenas, em água ou dois tipos de álcool e observando seu comportamento.
Na água, partículas carregadas positivamente se repeliam, conforme a lei de Coulomb. Porém, as partículas carregadas negativamente formavam estruturas hexagonais minúsculas em uma faixa de pH específica, semelhante à acidez do café ou do leite. Esse comportamento se invertia em álcoois como o etanol e o isopropanol, onde as cargas positivas se atraíam.
Para explicar esse fenômeno, os pesquisadores propuseram um modelo que leva em conta a natureza molecular da água, considerando-a não como um meio contínuo, mas composta de pequenos dipolos eletromagnéticos. Uma "força de eletrossolvatação" surgiria da interação entre o oxigênio negativo da água e as partículas de sílica negativas, influenciada por uma mudança de carga global após a transferência de um próton para as partículas de sílica em uma faixa de pH específica.
Esse novo modelo poderia ter implicações importantes para a compreensão dos condensados biomoleculares, essenciais no estudo das doenças humanas. Os pesquisadores esperam que essa descoberta contribua para iluminar os mecanismos fundamentais das doenças, destacando a importância de seu trabalho no campo da biofísica.
Fonte: Nature Nanotechnology