Há 41.000 anos, o polo norte magnético desviou-se sobre a Europa, um evento que pode ter influenciado a evolução humana. Um estudo recente explora como esse episódio pode ter afetado de forma diferente os Homo sapiens e os Neandertais.
Durante esse período, o campo magnético terrestre enfraqueceu-se, expondo o planeta a uma maior radiação cósmica. Os pesquisadores sugerem que os Homo sapiens conseguiram adaptar-se graças a inovações como roupas sob medida e o uso de ocre como protetor solar.
Os Neandertais, por outro lado, aparentemente não desenvolveram essas tecnologias. Essa diferença pode explicar o seu desaparecimento por volta de 40.000 anos antes da nossa era, enquanto os Homo sapiens se espalhavam pela Europa e Ásia.
O estudo, publicado na
Science Advances, baseia-se numa modelagem 3D do campo magnético terrestre durante a excursão de Laschamps. Essa reconstrução mostra como as partículas carregadas penetraram na atmosfera, aumentando a exposição aos raios UV.
Os Homo sapiens podem ter buscado refúgio em cavernas para se proteger. O ocre, usado como pigmento, também teria funcionado como um protetor solar natural. Essas estratégias podem ter oferecido uma vantagem decisiva diante das condições ambientais hostis.
Os pesquisadores destacam que esses resultados são correlacionais e exigem investigações adicionais. No entanto, abrem novas perspectivas sobre o impacto das variações magnéticas terrestres na evolução humana.
Esse estudo também destaca a resiliência dos Homo sapiens diante das mudanças climáticas e ambientais. Sua capacidade de inovar e adaptar-se provavelmente desempenhou um papel crucial em sua sobrevivência e expansão.
Por fim, os pesquisadores mencionam as implicações para a busca de vida extraterrestre. Um campo magnético enfraquecido não significa necessariamente a ausência de vida, como mostra o exemplo da Terra pré-histórica.
Como o campo magnético terrestre nos protege?
O campo magnético terrestre age como um escudo invisível contra partículas carregadas provenientes do sol e do espaço. Essas partículas, se atingissem a superfície, poderiam danificar o DNA e perturbar os ecossistemas.
Esse campo é gerado pelos movimentos do núcleo externo da Terra, composto de ferro e níquel em fusão. Esses movimentos criam correntes elétricas que, por sua vez, produzem o campo magnético.
Quando esse campo enfraquece ou quando seus polos se invertem, a proteção que ele oferece diminui. Isso pode levar a um aumento das auroras boreais e austrais, mas também a uma maior exposição à radiação cósmica.
Compreender esses mecanismos é essencial para antecipar os efeitos de futuras variações magnéticas em nossa tecnologia e saúde.
Por que os Neandertais desapareceram?
O desaparecimento dos Neandertais continua sendo um dos grandes mistérios da evolução humana. Várias teorias existem, desde mudanças climáticas até a competição com os Homo sapiens.
Os Neandertais estavam bem adaptados aos climas frios da Europa, mas sua falta de inovação tecnológica pode tê-los colocado em desvantagem. A ausência de roupas sob medida e de proteção solar eficaz é um exemplo.
Os Homo sapiens, com sua capacidade de inovar e adaptar-se, conseguiram colonizar novos ambientes com mais facilidade. Essa flexibilidade comportamental pode ter sido decisiva para sua sobrevivência.
As pesquisas continuam para entender melhor as interações entre essas duas espécies e os fatores que levaram ao desaparecimento dos Neandertais.
Fonte: Science Advances