Cédric - Domingo 21 Abril 2024

Primeiro atlas do ovário humano: um passo em direção ao ovário artificial

Um recente estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Michigan culminou na criação do primeiro "atlas" do ovário humano. Esta cartografia detalhada das diferentes células que compõem o ovário abre caminho para tratamentos destinados a restaurar a produção de hormônios ovarianos e a capacidade de ter filhos biologicamente relacionados. As conclusões desta pesquisa, publicadas na revista Science Advances, poderiam também pavimentar o caminho para o desenvolvimento de ovários artificiais.


Atualmente, cirurgiões podem restaurar temporariamente a produção de hormônios e de óvulos implantando tecido ovariano previamente congelado. No entanto, este método apresenta limitações, pois poucos folículos, responsáveis pela produção de hormônios e pelo transporte de óvulos, sobrevivem à reimplantação.


O novo atlas revela os fatores que permitem a um folículo amadurecer, oferecendo assim a possibilidade de criar ovários artificiais em laboratório a partir de tecidos conservados antes de uma exposição a tratamentos médicos tóxicos, como quimioterapia e radioterapia.

Concentrando-se nos folículos ovarianos que contêm os precursores imaturos dos óvulos, chamados de ovócitos, a equipe de pesquisa identificou os genes necessários para o seu desenvolvimento. A professora associada em engenharia biomédica na Universidade de Michigan, Ariella Shikanov, explica: "Agora que sabemos quais genes são expressos nos ovócitos, podemos testar se a alteração desses genes poderia levar à criação de um folículo funcional."

A equipe utilizou uma tecnologia relativamente nova chamada transcriptômica espacial para mapear a atividade genética em amostras de tecidos ovarianos provenientes de cinco doadoras. Esta abordagem permitiu identificar os genes ativos e entender os mecanismos que levam à maturação dos folículos.

Os resultados desta pesquisa oferecem uma perspectiva encorajadora para a criação de ovários artificiais funcionais, que podem ser transplantados no corpo para restaurar a fertilidade em mulheres que passaram por tratamentos médicos agressivos.

Este avanço foi possível graças ao projeto Human Cell Atlas, que visa criar mapas celulares detalhados para compreender o funcionamento do corpo humano e seus disfuncionamentos associados. Os trabalhos futuros da equipe incluirão o mapeamento de outras partes do sistema reprodutor feminino, abrindo assim novas perspectivas no campo da fertilidade e da medicina regenerativa.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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