Um simples café da manhã não se resume a um ritual. Por trás desse hábito diário, escondem-se efeitos mensuráveis no humor e na energia sentida.
Pesquisadores quiseram entender se a cafeína realmente atua no estado emocional no dia a dia, além das experiências realizadas em laboratório. O trabalho deles, realizado na Alemanha e no Reino Unido, destaca resultados precisos sobre os momentos em que seu efeito é mais marcante.
Quando a cafeína age com mais força
Os cientistas observaram que as emoções positivas aumentavam após o consumo de cafeína, especialmente nas duas horas e meia seguintes ao despertar. O efeito permanece perceptível, mas menos intenso, mais tarde no dia.
Um segundo pico, mais fraco, apareceu entre dez e doze horas após levantar, traduzindo talvez uma interação com os ritmos biológicos. As emoções em questão vão principalmente do entusiasmo a um sentimento mais geral de felicidade.
Por outro lado, a cafeína reduz pouco as emoções negativas. Uma diminuição da tristeza ou do aborrecimento é observada, mas permanece variável de acordo com as pessoas e não depende da hora.
Esses resultados provêm de um acompanhamento diário de várias centenas de jovens adultos na Alemanha, convidados a responder até sete vezes por dia a breves pesquisas em seus smartphones. Esse método permitiu medir o efeito do café na vida real, fora do quadro artificial de um laboratório.
Efeitos independentes do perfil pessoal
Os pesquisadores analisaram se fatores como ansiedade, qualidade do sono ou hábitos de consumo modificavam essa ligação. Nenhum efeito notável foi encontrado. Os resultados permanecem estáveis de um grupo para outro.
A dependência de cafeína também não alterou a tendência geral. O café da manhã proporciona, portanto, um efeito positivo comparável, seja para um bebedor ocasional ou regular.
Apenas situações pontuais, como o grau de fadiga sentido no momento de beber ou o fato de estar sozinho ou acompanhado, modificam levemente a intensidade do benefício emocional.
Imagem de ilustração Pixabay
Para ir mais longe: como a cafeína age no cérebro?
O efeito positivo do café no humor é explicado por sua ação em uma molécula chave: a adenosina. Essa substância acumula-se no cérebro ao longo do dia e favorece a sonolência. Quanto mais seu nível sobe, mais a fadiga e a vontade de dormir aparecem.
A cafeína age bloqueando os receptores de adenosina. Em outras palavras, ela impede que essa molécula transmita seu sinal de repouso. O cérebro interpreta então que ainda não precisa (ou que não precisa mais) desacelerar, o que mantém o estado de alerta e a vigilância.
Paralelamente, esse bloqueio influencia outros sistemas químicos, notadamente os da dopamina e da noradrenalina. Essas substâncias estão associadas à motivação, à atenção e ao sentimento de bem-estar, o que explica o aumento de entusiasmo e bom humor observado após uma xícara de café.
O resultado deste estudo não deixa de lembrar o resultado de outras pesquisas que já havíamos compartilhado com vocês:
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Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Scientific Reports