Cédric - Quarta-feira 16 Julho 2025

🔴 Por que Marte perdeu sua habitabilidade e a Terra não?

Marte e a Terra compartilham origens similares: planetas rochosos, dotados de água e carbono, localizados em uma zona potencialmente habitável. No entanto, um se tornou um deserto gelado, enquanto o outro manteve condições propícias à vida por bilhões de anos. A chave dessa divergência está na gestão do carbono.

Na Terra, um equilíbrio sutil entre absorção e liberação de CO₂ permite regular o clima. O carbono atmosférico é capturado pelos oceanos e pelas rochas sedimentares, como os calcários. Mas, ao contrário de Marte, nosso planeta recicla esse carbono graças ao vulcanismo, que o reinsere regularmente no ar. Esse ciclo estabiliza as temperaturas a longo prazo.



A armadilha mortal do carbono em Marte


Em Marte, o CO₂ foi capturado pelas rochas, mas nenhum mecanismo o devolveu à atmosfera. Quando a água líquida interagiu com o dióxido de carbono, formou carbonatos, aprisionando definitivamente o carbono no solo. Sem atividade vulcânica significativa para liberar novamente esse CO₂, o efeito estufa entrou em colapso.

A Terra, por sua vez, tem erupções frequentes que liberam CO₂, compensando sua absorção pelas rochas. Mesmo após episódios de glaciação extrema, como os eventos "Terra bola de neve", o vulcanismo permitiu um retorno a condições temperadas. Marte, por outro lado, não teve essa sorte: seu vulcanismo se extinguiu há bilhões de anos.

Uma ausência de regulação fatal



A diferença está, portanto, na dinâmica interna dos dois planetas. A Terra possui uma tectônica de placas ativa e um manto rico em magma, alimentando um vulcanismo constante. Marte, menor e mais frio, viu sua atividade geológica declinar rapidamente, selando seu destino.

Sem essa reciclagem do carbono, qualquer período úmido em Marte estava destinado a terminar em um resfriamento irreversível. Os modelos sugerem que essas fases habitáveis nunca duraram mais do que alguns milhões de anos, enquanto a Terra ofereceu uma estabilidade climática muito mais longa – uma das razões pelas quais a vida pôde se desenvolver de forma duradoura.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature
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