Os besouros-tigre noturnos (Cicindelinae), quando detectam a presença de morcegos, emitem sinais ultrassônicos. Mas o que eles realmente buscam alcançar com essa estratégia sonora contra seus predadores?
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Por mais de três décadas, os cientistas se perguntaram sobre a função desses sons emitidos pelos besouros-tigre em resposta aos morcegos. Um estudo recente conduzido por Harlan Gough no Florida Museum of Natural History finalmente desvendou esse mistério. Embora esses sons possam potencialmente atrair mais atenção dos morcegos, os besouros encontram uma grande vantagem nessa estratégia.
Os pesquisadores confirmaram que esses besouros produzem ultrassons em reação ao ataque dos morcegos. Em laboratório, observaram que sete espécies de besouros-tigre moviam seus élitros para criar um som perceptível pelos morcegos. Essas vibrações, inaudíveis para os humanos, são perfeitamente captadas pelos predadores noturnos.
Contudo, ao contrário de algumas mariposas que utilizam sinais complexos para confundir a ecolocalização dos morcegos, os ultrassons dos besouros-tigre são mais simples. A resposta está na mimetismo acústico. Ao imitar os sinais ultrassônicos das mariposas tóxicas, os besouros-tigre esperam enganar os morcegos fazendo-os acreditar que também são nocivos. Essa estratégia lhes confere uma certa proteção contra seus predadores.
No entanto, essa adaptação sofisticada não é universal entre os besouros-tigre. As espécies diurnas, que não estão sujeitas à pressão de predação dos morcegos, não reagem da mesma forma. Elas perderam essa capacidade de emitir ultrassons, demonstrando a importância da pressão seletiva na evolução dos comportamentos.
Fonte: Biology Letters