Cédric - Sábado 11 Outubro 2025

⏳ Por que as mulheres vivem mais do que os homens?

A disparidade de longevidade entre homens e mulheres teria suas origens em mecanismos biológicos ancestrais, indo além de simples fatores comportamentais.

Uma análise comparativa de amplitude inédita, examinando os padrões de sobrevivência em mamíferos e aves, vem esclarecer as causas fundamentais dessa diferença persistente. Estes trabalhos revelam constantes evolutivas surpreendentes que sugerem que nossa existência prolongada carrega a marca de milhões de anos de adaptação biológica, onde as estratégias reprodutivas e as configurações cromossômicas desempenham um papel determinante.



A influência dos cromossomos na longevidade


O sistema de determinação sexual influencia consideravelmente a duração da vida, com as fêmeas de mamíferos beneficiando-se de dois cromossomos X que oferecem proteção contra certas mutações genéticas deletérias. Esta configuração vantajosa contrasta com a dos machos, dotados de um cromossomo X e um Y mais vulnerável, o que poderia explicar em grande parte essa diferença de longevidade.


O estudo publicado na Science Advances revela uma inversão completa dessa tendência nas aves, onde os machos apresentam uma configuração cromossômica ZZ considerada biologicamente vantajosa. As fêmeas possuem, por sua vez, cromossomos ZW potencialmente menos favoráveis, uma inversão que corresponde perfeitamente à observação de uma longevidade masculina superior nesse grupo.

Algumas espécies contradizem, no entanto, essa regra geral, como as aves de rapina fêmeas que frequentemente vivem mais tempo apesar de seu status heterogamético desfavorável. Essas exceções notáveis indicam que a pesquisa deve integrar outros parâmetros explicativos além dos cromossomos, que representam portanto uma peça importante sem constituir a única explicação para esse fenômeno.

Estratégias reprodutivas e investimento parental


A competição reprodutiva exerce uma influência determinante sobre a mortalidade masculina, levando os machos mamíferos a desenvolver atributos físicos custosos em energia. A busca ativa por parceiros e os combates entre concorrentes aumentam simultaneamente seus riscos vitais, criando assim um acúmulo de pressões evolutivas que reduz significativamente sua expectativa de vida geral.

As espécies monogâmicas apresentam diferenças de longevidade bem menos acentuadas, pois a competição intersexual se encontra consideravelmente atenuada em favor de uma colaboração reforçada. As aves monogâmicas ilustram perfeitamente essa atenuação das diferenças.

O investimento parental representa outro fator determinante, com as fêmeas mamíferas assegurando geralmente a maior parte dos cuidados dispensados à prole. Sua sobrevivência prolongada garante o sucesso reprodutivo de sua descendência, o que explica por que a seleção natural favoreceu sua resistência a longo prazo em muitas espécies, particularmente nos primatas.

Para ir mais longe: Como os cromossomos sexuais afetam o envelhecimento?



Os cromossomos sexuais carregam genes essenciais ao funcionamento celular, com o cromossomo X contendo muitos genes vitais ligados ao sistema imunológico. Sua duplicação nas fêmeas oferece proteção contra mutações deletérias, essa redundância genética constituindo uma vantagem certa que se manifesta ao longo da vida.

O cromossomo Y apresenta tamanho reduzido e poucos genes funcionais, de modo que os machos mamíferos não podem compensar os defeitos genéticos afetando seu único cromossomo X. Sua vulnerabilidade aumentada às doenças se manifesta progressivamente durante o envelhecimento, essa desvantagem genética influenciando duravelmente sua trajetória de saúde.

As aves exibem uma configuração cromossômica invertida mas equivalente em suas consequências, com suas fêmeas possuindo um cromossomo W empobrecido geneticamente, similar ao Y nos mamíferos. Os machos beneficiam-se, por sua vez, de dois cromossomos Z completos e funcionais, essa inversão explicando sua vantagem em sobrevivência na maioria das espécies estudadas.

Que papel desempenha a seleção sexual na mortalidade?


A seleção sexual leva os machos a desenvolver características físicas extremas que consomem importantes recursos energéticos normalmente dedicados à manutenção corporal. Seus sistemas imunológicos se encontram assim enfraquecidos duravelmente, o que compromete sua resistência aos patógenos e acelera seu declínio fisiológico.

Os comportamentos competitivos geram riscos imediatos para a integridade física, com os combates entre machos ocasionando ferimentos às vezes mortais ou sequelas duradouras. A busca ativa por parceiros expõe simultaneamente a perigos ambientais múltiplos, esses fatores cumulativos reduzindo mecanicamente a expectativa de vida masculina.

As espécies polígamas mostram as diferenças de longevidade mais espetaculares, pois a competição atinge níveis particularmente intensos e constantes. Os machos dedicam uma proporção considerável de sua energia vital à rivalidade reprodutiva, sua sobrevivência a longo prazo sofrendo inevitavelmente em favor de um sucesso reprodutivo imediato.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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