Observar a luz em movimento agora é possível graças a um impressionante avanço realizado por pesquisadores da Universidade de Toronto. Eles desenvolveram uma tecnologia capaz de capturar e simular o trajeto dos fótons, essas partículas de luz.
Um feixe de luz capturado em movimento, revelando sua trajetória em uma cena simulada.
Crédito: Universidade de Toronto
Esse feito se baseia em uma câmera ultrarrápida e em um algoritmo de inteligência artificial. Juntos, eles permitem visualizar a luz sob ângulos variados, como se fosse possível "seguir" seu trajeto. Uma tecnologia que transforma o invisível em visível, abrindo portas para aplicações inéditas.
David Lindell, professor da Universidade de Toronto, explica que a tecnologia deles torna acessíveis fenômenos impossíveis de enxergar a olho nu. Ao desacelerar virtualmente a luz, eles revelam como ela se desloca, se reflete ou se dispersa em seu ambiente. Um exemplo impressionante é a luz atravessando um líquido, um efeito agora "visível" com uma precisão sem precedentes.
O algoritmo utilizado se baseia em um conceito chamado "síntese de novas visões". Esse método permite recriar uma cena sob múltiplas perspectivas, mesmo para imagens capturadas em velocidades equivalentes à da luz. É um pioneirismo nesse campo.
Esse avanço não se limita à ciência fundamental. Ele pode impactar tecnologias práticas, como os sensores LIDAR usados em carros autônomos. Graças a essa tecnologia, seria possível detectar obstáculos, melhorar imagens em 3D ou até analisar materiais com maior precisão.
Crédito: Universidade de Toronto
Os pesquisadores também exploraram fenômenos previstos por Einstein, como o efeito "holofote", onde um objeto parece mais brilhante à medida que se aproxima de nós. Eles também visualizaram a "contração de comprimentos", que faz os objetos parecerem mais curtos quando se movem muito rapidamente.
Além das aplicações práticas, essa técnica inspira outros campos. Na arte e no cinema, ela poderia dar origem a efeitos visuais espetaculares e a experiências imersivas inéditas. É também uma ferramenta pedagógica poderosa, capaz de explicar a física da luz de forma intuitiva.
No futuro, os pesquisadores esperam usar sua tecnologia para reconstruir modelos 3D de objetos ou de ambientes inteiros, simplesmente observando a luz que interage com eles.
Fonte: arXiv