Cédric - Sexta-feira 23 Maio 2025

O que os flamingos fazem com os pés enquanto comem? 🦩

O balé aquático dos flamingos não é apenas uma exibição. Seus movimentos são, na verdade, orquestrados para capturar presas ágeis. Essa descoberta, publicada na PNAS, abre perspectivas inesperadas em biomimética.

Quando agitam as patas e balançam a cabeça, essas aves transformam a água em uma armadilha hidrodinâmica. Sua técnica de caça, recentemente decifrada por cientistas, revela um domínio surpreendente das leis físicas. Por trás de sua graça aparente, esconde-se uma estratégia de predação de eficácia impressionante.



Uma caça sob alta tensão hidrodinâmica


Os flamingos combinam duas técnicas distintas para otimizar sua caça. A primeira baseia-se em seus pés palmados, que agitam para criar redemoinhos horizontais. Esses movimentos levantam sedimentos e concentram as presas, enquanto a flexibilidade de suas pernas amplifica o efeito, como confirmaram modelos 3D comparativos.


Seu bico em forma de L constitui a segunda ferramenta-chave. Ao abri-lo e fechá-lo até doze vezes por segundo, geram vórtices verticais que sugam as presas em direção à boca. Esse mecanismo aumenta em sete vezes sua taxa de captura, transformando seu bico em uma verdadeira bomba hidráulica natural. O estudo revela que essa técnica é particularmente eficaz contra presas móveis como as artêmias.

Por fim, os flamingos adaptam sua abordagem de acordo com as condições. Alternam entre pisar vigorosamente no fundo lodoso e movimentos precisos da cabeça em águas mais profundas. Essa flexibilidade comportamental, aliada à sua morfologia especializada, os torna predadores formidáveis, apesar das limitações de seu ambiente.



Da lagoa ao laboratório: aplicações promissoras


Os mecanismos observados já inspiram inovações tecnológicas. Bicos impressos em 3D reproduzem as propriedades hidrodinâmicas naturais. Esses protótipos poderiam ser usados para filtrar microplásticos ou algas tóxicas.

O design das patas também oferece pistas para a robótica. Sua flexibilidade evita o atolamento em solos instáveis. Aplicações são previstas para robôs que exploram ambientes lamacentos ou arenosos.

Por fim, outra particularidade do flamingo, o sistema de filtragem combinado (bico-língua), interessa aos engenheiros. Sua eficiência em água salobra poderia ser adaptada para usinas de dessalinização. Os flamingos estão se tornando modelos para resolver problemas ambientais.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Proceedings of the National Academy of Sciences
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