O desaparecimento dos dinossauros continua sendo um dos maiores temas da história natural. Um novo estudo questiona a ideia de que eles já estavam enfraquecidos antes do impacto devastador.
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Pesquisadores da University College London propõem uma explicação inesperada: os fósseis tardios seriam simplesmente menos visíveis. Sua análise sugere que a diversidade de espécies pode ter sido subestimada devido a vieses geológicos. Em outras palavras, não é porque foram encontrados menos fósseis que havia menos dinossauros!
Um viés nos registros fósseis
O estudo se baseia no exame minucioso de mais de 8.000 fósseis norte-americanos datando dos últimos 18 milhões de anos do Cretáceo. Os dados brutos pareciam confirmar a tese de um declínio progressivo, com uma diversidade máxima atingida por volta de 75 milhões de anos antes da nossa era. Essa interpretação alimentou debates entre paleontólogos por muito tempo.
Os pesquisadores cruzaram essas observações com uma análise geológica aprofundada dos sítios de escavação. Eles constataram que as camadas rochosas do Maastrichtiano (último período do Cretáceo) estão menos expostas e frequentemente escondidas pela vegetação ou erosão. Essa redução dos afloramentos acessíveis explicaria, em parte, a aparente diminuição das descobertas fósseis.
A equipe também destacou variações regionais importantes. O desaparecimento progressivo da Via Marítima Interior do Oeste modificou profundamente as paisagens norte-americanas. Essas transformações geográficas criaram condições de fossilização desiguais entre os ecossistemas, distorcendo nossa percepção da biodiversidade real da época.
Um método inovador para reavaliar a história
Para contornar as limitações dos registros fósseis, a equipe adaptou uma técnica de ecologia espacial: a modelagem de ocupação. Essa abordagem, normalmente usada para estudar espécies modernas, permitiu estimar a distribuição real dos dinossauros apesar das lacunas nas descobertas. Os pesquisadores aplicaram esse método a quatro grupos-chave, incluindo tiranossauros e ceratopsídeos.
O estudo dividiu a América do Norte em uma grade de células, avaliando para cada uma a probabilidade de ocupação por esses dinossauros. Os parâmetros incluíam fatores geológicos como a exposição das rochas, mas também elementos paleoambientais (clima, vegetação). Essa análise revelou uma estabilidade surpreendente dos habitats disponíveis por quase 10 milhões de anos.
Os resultados mostram diferenças marcantes entre os grupos. Os ceratopsianos, como os tricerátopos, aparecem com mais frequência nas planícies emergentes do final do Cretáceo. Por outro lado, os hadrossauros, ligados a ambientes ribeirinhos, parecem menos representados – um artefato provável das mudanças nos sistemas fluviais. Essas variações destacam a importância de contextualizar cada grupo separadamente.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Current Biology