Pesquisadores do MIT e do projeto CETI conseguiram recentemente decodificar o "alfabeto fonético dos cachalotes" utilizando algoritmos computacionais. Seu estudo, publicado na
Nature Communications, revela uma comunicação complexa entre os cachalotes, semelhante aos sistemas fonéticos humanos.
Crédito: Alex Shipps/MIT CSAIL
A pesquisa analisou milhares de codas — cliques curtos emitidos pelos cachalotes — para revelar uma estrutura sofisticada e contextual. Dados coletados de famílias de cachalotes do leste do Caribe permitiram descobrir que essas comunicações não são nem aleatórias nem simplistas.
Usando balizas acústicas chamadas "D-tags" e técnicas avançadas de visualização, os pesquisadores puderam identificar uma espécie de alfabeto fonético, onde vários elementos como ritmo, tempo, rubato e ornamentação se combinam para criar uma vasta gama de codas distintas.
Os resultados mostram que os cachalotes modulam sistematicamente certos aspectos de suas codas dependendo do contexto conversacional. Pesquisas futuras visam decodificar o significado dessas comunicações e explorar as correlações entre o que é dito e as ações do grupo.
"Nossas descobertas indicam a presença de conteúdo informacional estruturado e desafiam a crença de que a comunicação complexa é exclusiva dos humanos," declara Daniela Rus. "Nossos próximos passos visam decodificar o significado dessas comunicações e explorar as correlações sociais entre o que é dito e as ações do grupo."
Os cachalotes comunicam-se produzindo sequências de cliques.
(A) Mostra uma troca de dois minutos entre dois cachalotes (com cliques visualizados respectivamente em azul e laranja) do conjunto de dados dos cachalotes da Dominica.
(B) Projeção dos cliques em um gráfico tempo-tempo, no qual o eixo horizontal traça a hora da troca em que um clique ocorre, e o eixo vertical representa o tempo do clique a partir do primeiro clique na coda. O eixo vertical serve como um microscópio sobre o eixo horizontal, revelando a estrutura interna de cada coda.
(C) Mostra uma visualização tempo-tempo para todo o intercâmbio de dois minutos (com linhas conectando os cliques correspondentes entre codas adjacentes), revelando uma variação complexa e dependente do contexto na estrutura das codas.
Os cachalotes, com o maior cérebro do reino animal, demonstram comportamentos sociais que exigem uma comunicação elaborada, especialmente em ambientes de caça em alto-mar. Esta pesquisa abre caminho para a compreensão de sistemas de comunicação complexos e pode oferecer novas perspectivas sobre interações interespécies e até mesmo sobre a comunicação com possíveis civilizações extraterrestres.
Fonte: Nature Communications