Adrien - Sexta-feira 13 Junho 2025

đŸ„š O nĂșcleo de Marte cheira a ovo podre

O nĂșcleo de Marte formou-se a uma velocidade surpreendente, muito mais rĂĄpida do que o da Terra. ExperiĂȘncias recentes revelam o papel crucial dos sulfuretos de ferro e nĂ­quel nesse processo.

Os planetas, como Marte, sĂŁo estruturados em camadas distintas, com um nĂșcleo no centro. Essa estratificação, chamada de diferenciação, resulta da separação dos elementos por densidade. Os mais pesados, como ferro e nĂ­quel, migram para o centro, enquanto os mais leves permanecem na superfĂ­cie.


Tradicionalmente, pensava-se que a formação do nĂșcleo exigia um interior planetĂĄrio completamente fundido. No entanto, Marte desafia essa hipĂłtese, com um nĂșcleo formado em apenas alguns milhĂ”es de anos. Essa rapidez sugere um mecanismo diferente do da Terra.

Uma equipe de pesquisadores realizou experimentos em alta temperatura para simular as condiçÔes de formação do nĂșcleo marciano. Eles descobriram que os sulfuretos fundidos podiam atravessar rochas sĂłlidas, acelerando assim a formação do nĂșcleo. Essa descoberta lança uma nova luz sobre os processos de formação planetĂĄria.


Os cientistas tambĂ©m analisaram meteoritos para validar seus resultados. Eles encontraram vestĂ­gios de metais do grupo da platina, confirmando sua hipĂłtese. Esses elementos raros servem como marcadores para rastrear o caminho dos sulfuretos em direção ao nĂșcleo.

Este estudo nĂŁo se limita a Marte. Pode ser aplicado a outros corpos celestes formados em condiçÔes semelhantes. NĂșcleos ricos em enxofre, como o de Marte, podem ser mais comuns do que se pensava. O enxofre, com seu odor caracterĂ­stico de ovo podre, marca assim a histĂłria desses planetas.


No inĂ­cio (estĂĄgio I), os conjuntos formadores do nĂșcleo eram principalmente compostos de sulfuretos de ferro e nĂ­quel.
Esses sulfuretos começavam a fundir em torno de 800 °C e migravam para o centro para formar um nĂșcleo de sulfuretos de Fe e Ni.
Em seguida (estågio II), a sílica começou a fundir, carregando consigo gotículas de sulfuretos imiscíveis.
Essas gotĂ­culas e a sĂ­lica fundida subiam para formar a crosta (estĂĄgio III).
Os mantos dos corpos parentais oxidados perdiam parte de seu alumínio-26, formando restitos mantélicos.
O nĂșcleo de sulfureto poderia ter cristalizado em um pequeno nĂșcleo interno rico em nĂ­quel e um grande nĂșcleo externo composto de monossulfureto sĂłlido.
Ao resfriar, este Ășltimo teria se separado em troilita e pentlandita.

Os resultados desta pesquisa, publicados na Nature Communications, abrem novas perspectivas sobre a formação dos planetas. Eles mostram que os nĂșcleos podem se formar rapidamente, mesmo em ambientes parcialmente sĂłlidos.

Por que o nĂșcleo de Marte Ă© tĂŁo diferente do da Terra?


A composição e a velocidade de formação do nĂșcleo marciano diferem significativamente das da Terra. Essa divergĂȘncia Ă© explicada pelas condiçÔes Ășnicas de formação de Marte.

Marte formou-se em uma regiĂŁo do disco protoplanetĂĄrio onde o enxofre era abundante. Esse elemento facilitou a formação rĂĄpida do nĂșcleo, permitindo que os metais pesados migrassem mais facilmente.

Ao contrĂĄrio da Terra, Marte nĂŁo experimentou uma fusĂŁo completa de seu interior. Os sulfuretos puderam se acumular no centro sem exigir calor extremo, acelerando assim o processo.

Essa diferença na formação tem implicaçÔes importantes. Ela explica por que Marte perdeu seu campo magnético mais cedo do que a Terra, afetando sua evolução climåtica e sua potencial habitabilidade.

Fonte: Nature Communications
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