Pessoas solteiras que têm encontros amorosos sem ter uma ideia clara do que procuram em um relacionamento sentem-se mais sozinhas e estão menos satisfeitas com suas vidas. É o que revela um estudo da Universidade McGill.
A equipe conduziu dois estudos complementares com mais de 180 jovens adultos solteiros que estavam ativamente à procura da alma gêmea. No âmbito desses estudos, os cientistas examinaram as ligações entre a "clareza relacional", a solidão e a satisfação com a vida. O conceito de clareza relacional - entender bem o que se quer de um relacionamento - foi elaborado por Dita Kubin, coautora do artigo e recente doutoranda em psicologia pela Universidade McGill.
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No primeiro estudo, os cientistas pediram às participantes e participantes que refletissem sobre suas experiências amorosas atuais e preenchessem questionários medindo sua clareza relacional, seu sentimento de solidão e sua satisfação com a vida. No segundo, a equipe avaliou outro grupo de pessoas solteiras usando as mesmas ferramentas, e as acompanhou por dois meses.
Falta de clareza e parceiros incompatíveis
"As medidas repetidas realizadas no âmbito do nosso segundo estudo reforçam nossa convicção de que é a falta de clareza relacional que leva à solidão, e não o contrário", explica Katya Kredl, doutoranda em psicologia e autora principal do artigo.
Segundo a equipe de pesquisa, várias explicações podem esclarecer essa constatação.
"As pessoas com pouca clareza relacional poderiam se mostrar menos seletivas em seus encontros, o que poderia levá-las a experiências insatisfatórias com parceiros incompatíveis, especifica Katya Kredl. Além disso, a falta de clareza poderia levar essas pessoas a interpretar sinais ambíguos de forma negativa durante seus encontros. Quando nos sentimos incertos em uma situação social, somos mais propensos a perceber sinais neutros como uma rejeição, o que reforça o sentimento de solidão."
A equipe também validou o conceito de clareza relacional realizando estudos adicionais, o que lhes permitiu comparar o conceito a noções próximas, como a satisfação com o estado de solteiro. Segundo Katya Kredl, esses trabalhos confirmaram que a escala de clareza relacional mede realmente algo novo e distinto.
A solidão, um desafio global
Katya Kredl lembra que cerca de 50% das canadenses e canadenses, assim como das americanas e americanos, declararam ter-se sentido sozinhos nos últimos anos, segundo dados governamentais. A solidão está, além disso, associada a diversos problemas de saúde mental e física.
Uma vez que os relacionamentos amorosos constituem frequentemente uma forma essencial de apoio social, pesquisas anteriores mostraram que as pessoas solteiras que se sentem mais sozinhas e menos apoiadas socialmente também relatam um nível de satisfação e bem-estar mais baixo.
Katya Kredl espera que os benefícios da clareza relacional possam contribuir para melhorar o bem-estar das pessoas solteiras.
"No futuro, gostaríamos de conceber uma técnica de intervenção visando ajudar as pessoas a precisarem seus objetivos relacionais", acrescenta ela.
Fonte: Universidade McGill