A menstruação, embora fundamental para a reprodução humana, continua sendo uma raridade no reino animal. Por que algumas espécies evoluíram para ter menstruações enquanto a maioria não passa por isso?
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Entre os raros mamíferos que têm um ciclo menstrual, encontramos principalmente primatas como chimpanzés e bonobos, bem como algumas espécies como certos morcegos, musaranhos-elefante e ratos-espinho. Este fenômeno, que parece ter evoluído de maneira independente nessas espécies, pode sugerir que oferece uma vantagem evolutiva significativa.
Ao contrário dos animais que sangram durante o cio, as espécies menstruantes passam por mudanças hormonais complexas envolvendo não apenas o estrogênio, mas também a progesterona. Esses hormônios preparam o útero para uma possível gravidez, espessando a parede uterina e desenvolvendo novos vasos sanguíneos. Se a fertilização não ocorre, essa preparação é então eliminada em forma de menstruação.
Uma das hipóteses levantadas para explicar este fenômeno é que esses animais, que investem muita energia em um pequeno número de descendentes, desenvolveram um sistema para otimizar as chances de sobrevivência de sua prole. O corpo seria então capaz de detectar desde os primeiros estágios se um embrião é viável, evitando assim um investimento inútil em uma gravidez destinada ao fracasso.
Outra teoria sugere que a menstruação poderia desempenhar um papel na eliminação dos espermatozoides envelhecidos. Em certas espécies como morcegos, os espermatozoides podem permanecer no corpo da fêmea por meses antes da fertilização. O ciclo menstrual poderia assim ajudar a eliminar os espermatozoides degradados, favorecendo a fertilização por espermatozoides mais robustos.
Apesar dessas hipóteses, o mistério da menstruação permanece parcialmente não resolvido. Novas pesquisas são necessárias para compreender plenamente por que esta adaptação única se desenvolveu em algumas espécies e não em outras.