Cédric - Quinta-feira 13 Março 2025

O megalodonte: um monstro dos mares bem diferente do que se supunha 🦈

O megalodonte, esse gigante dos mares extinto, talvez não fosse o colosso atarracado que se acreditava. Um novo estudo sugere que esse predador lendário tinha um corpo mais longo e esguio, assemelhando-se mais a um tubarão-limão do que a um grande tubarão branco.


Imagem Wikimedia

Essa revisão da morfologia do megalodonte baseia-se em uma análise aprofundada de fósseis e comparações com mais de 170 espécies de tubarões, modernas e extintas. Os pesquisadores usaram vértebras fossilizadas para estimar o tamanho e a forma desse monstro marinho, questionando as hipóteses anteriores baseadas em analogias simplistas com o grande tubarão branco.

Um novo método para estimar o tamanho do megalodonte


Os cientistas examinaram uma coluna vertebral parcial de megalodonte descoberta na Bélgica, medindo cerca de 11 metros. Comparando esses restos com as proporções corporais de muitas espécies de tubarões, eles estimaram que esse espécime media cerca de 16 metros de comprimento, com uma cabeça de 1,8 metro e uma cauda de 3,6 metros.


Extrapolando a partir de vértebras ainda maiores encontradas na Dinamarca, os pesquisadores calcularam que alguns megalodontes podiam atingir até 24 metros de comprimento. Essa estimativa o torna um dos maiores predadores marinhos que já existiram, rivalizando com a baleia azul em termos de tamanho.

Esse método, baseado em comparações com mais de 170 espécies de tubarões, modernas e extintas, oferece uma abordagem mais precisa do que as hipóteses anteriores. Ele permite compreender melhor as proporções reais do megalodonte, sem se limitar a analogias simplistas com o grande tubarão branco.

Um corpo adaptado à natação em águas profundas


Ao contrário do grande tubarão branco, cujo corpo atarracado é projetado para rajadas de velocidade, o megalodonte teria tido uma morfologia mais hidrodinâmica. Essa forma esguia, semelhante à dos tubarões-limão ou dos tubarões-baleia, teria permitido que ele se movesse mais eficientemente por longas distâncias nos oceanos.


a) Silhuetas do tubarão-limão (Negaprion brevirostris), do grande tubarão branco (Carcharodon carcharias) e do tubarão-mako (Lamna nasus) em vistas lateral (cinza) e dorsoventral (preto).
b) Morfologias hipotéticas dos tubarões em (a) após aplicação de uma razão de finura de 6,15.
c) Reconstrução conceitual e altamente hipotética de Otodus megalodon com uma razão de finura de cerca de 6,08, sobreposta a uma silhueta de sua coluna vertebral reconstruída. Silhuetas de nadadores humanos ilustrando seu tamanho relativo.

Essa adaptação é essencial para um predador desse tamanho, pois um corpo massivo teria tornado a natação muito dispendiosa em termos de energia. Os pesquisadores estimam que o megalodonte se movia a uma velocidade moderada, reservando suas acelerações para caçar suas presas. Essa estratégia de natação teria permitido que ele percorresse longas distâncias sem esgotar muito suas reservas energéticas.

Essa morfologia esguia também sugere que o megalodonte era um predador resistente, capaz de perseguir suas presas por vastas extensões oceânicas. Essa característica, combinada com seu tamanho imponente, o tornava um caçador temível, perfeitamente adaptado ao seu papel de superpredador dos mares pré-históricos.

As implicações dessa descoberta



Essa nova visão do megalodonte ilumina não apenas sua aparência, mas também seu modo de vida. Um corpo mais longo e fino sugere que ele percorria grandes distâncias para caçar, em vez de contar com ataques rápidos e brutais. Essa estratégia de predação teria sido essencial para um animal dessa envergadura.

Além disso, os pesquisadores estimaram que os filhotes já mediam 4 metros ao nascer, o que os torna os maiores bebês da história dos peixes. Esse tamanho impressionante teria permitido que escapassem rapidamente da predação e se tornassem caçadores temíveis desde tenra idade. Isso revela uma adaptação evolutiva notável para garantir a sobrevivência dos jovens megalodontes.

Esse estudo também levanta questões sobre as razões da extinção do megalodonte. A competição com outros predadores, como o grande tubarão branco, pode ter desempenhado um papel crucial. Esses novos dados permitem compreender melhor as dinâmicas ecológicas que moldaram os oceanos pré-históricos e sua biodiversidade.

Para ir mais longe: Como os cientistas estimam o tamanho dos animais extintos?


Os paleontólogos frequentemente usam fósseis parciais, como vértebras ou dentes, para estimar o tamanho dos animais extintos. Comparando esses restos com espécies modernas, eles podem extrapolar as dimensões ausentes. Esse método, embora imperfeito, oferece estimativas razoáveis na ausência de esqueletos completos.

Para o megalodonte, os pesquisadores analisaram vértebras fossilizadas e as compararam com as de tubarões atuais. Estudando as proporções entre a cabeça, o tronco e a cauda, eles puderam reconstituir a morfologia geral desse predador gigante. Essa abordagem se baseia em dados estatísticos e modelos matemáticos.

No entanto, essas estimativas ainda estão sujeitas a margens de erro, pois as proporções corporais podem variar entre as espécies. A descoberta de novos fósseis, especialmente esqueletos mais completos, permitiria refinar esses cálculos e compreender melhor a anatomia real do megalodonte.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Palaeontologia Electronica
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