E se o Big Bang não fosse realmente o começo do Universo? Uma hipótese cosmológica propõe que o nosso cosmos poderia alternar entre fases de contração e expansão.
Essa teoria poderia alterar completamente nossa compreensão sobre os buracos negros e a matéria escura, dois dos maiores mistérios do Universo.
Ilustração dos primeiros momentos do Universo, mostrando a radiação do Big Bang e os antigos buracos negros. Crédito: ESA
De acordo com um estudo recente, a matéria escura pode ser composta de buracos negros criados pouco antes do Big Bang, durante uma fase de contração do Universo. Se essa hipótese estiver correta, poderá ser confirmada por futuras observações de ondas gravitacionais. Hoje, cerca de 80% da matéria no Universo é matéria escura, uma substância que não pode ser vista nem detectada diretamente. No entanto, sua existência é deduzida a partir de seus efeitos gravitacionais sobre estrelas e galáxias.
Os pesquisadores exploraram a ideia de que esses buracos negros teriam surgido devido a flutuações de densidade durante a fase de contração do Universo, pouco antes de ele começar a se expandir novamente no que chamamos de Big Bang.
Essa teoria, chamada cosmologia de ricochete, propõe que o Universo teria se contraído até um tamanho minúsculo antes de ricochetear e se expandir, marcando assim o Big Bang. Durante esse ricochete, buracos negros poderiam ter se formado a partir das flutuações de matéria extremamente densa.
Esses pequenos buracos negros, se fossem suficientemente massivos, teriam sobrevivido até hoje e poderiam representar parte, ou até mesmo a totalidade, da matéria escura. Essa ideia difere do modelo tradicional, onde o Universo teria começado por uma singularidade, um ponto infinitamente pequeno e denso, seguido de uma rápida expansão.
Os cientistas acreditam que as futuras tecnologias, como os observatórios de ondas gravitacionais LISA ou o Telescópio Einstein, poderiam detectar as ondas produzidas durante a formação desses buracos negros. Isso poderia confirmar essa nova teoria da matéria escura.
Patrick Peter, do CNRS, destaca a importância dessa pesquisa, que oferece uma explicação alternativa sobre a origem dos buracos negros e seu possível papel no Universo.
Fonte: Journal of Cosmology and Astroparticle Physics