Três filhotes de lobo com aparência única acabaram de nascer em um laboratório americano. Sua particularidade? Seu DNA mistura genes de lobos cinzentos e sequências genéticas de 13 mil anos atrás.
Foto dos lobos gigantes Rômulo e Remo com um mês de idade.
Este nascimento marca um passo crucial nas pesquisas sobre "desextinção", um campo controverso que visa trazer de volta espécies extintas. Liderado pela empresa Colossal Biosciences, o projeto utiliza técnicas inéditas de engenharia genética, abrindo perspectivas inesperadas para a conservação animal.
Um renascimento genético
Os cientistas extraíram o DNA de dois fósseis de lobos gigantes (
Canis dirus, um ancestral que inspirou o temível canídeo da série "Game of Thrones"): um dente de 13 mil anos e um crânio datado de 72 mil anos.
Usando a ferramenta CRISPR-Cas9, sequências genéticas foram integradas em células de lobos cinzentos, seus parentes vivos mais próximos. Os embriões modificados foram então implantados em cadelas, resultando no nascimento de três filhotes saudáveis.
No entanto, essa abordagem híbrida levanta questões. Os lobos obtidos não são clones perfeitos de seus ancestrais, mas sim quimeras genéticas. Seu comportamento e papel ecológico ainda precisam ser estudados.
Uma ferramenta para a conservação?
A ressurreição de uma espécie extinta é uma primeira mundial. Porém, a Colossal Biosciences defende que essas tecnologias também podem ajudar a salvar espécies ameaçadas (mas ainda não extintas). A empresa já clonou quatro lobos-vermelhos, uma espécie criticamente ameaçada.
Alguns especialistas celebram esses avanços, enquanto outros alertam para prioridades financeiras e riscos ecológicos. A reintrodução de espécies extintas poderia perturbar ecossistemas já frágeis.
Por enquanto, os lobos gigantes vivem em uma reserva segura, sob monitoramento constante. Seu futuro, assim como o da desextinção, ainda está por ser escrito.
Para saber mais: O que é desextinção?
A desextinção refere-se ao ressurgimento de espécies extintas por meio de técnicas genéticas. Diferente da clonagem tradicional, ela geralmente envolve a hibridização de DNA antigo e moderno.
Seus defensores veem nela uma forma de restaurar ecossistemas ou corrigir extinções causadas pelo homem. Já os críticos destacam os altos custos e os impactos imprevisíveis na biodiversidade atual.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Colossal Biosciences