Adrien - Sábado 17 Maio 2025

Inteligência artificial e câncer cerebral 🧠

Enquanto o glioblastoma é um tumor cerebral muito agressivo que atualmente deixa poucas esperanças de cura, pesquisadores conseguiram identificar diferentes formas desse tumor e mapeá-las com precisão ao analisar a atividade dos fatores de regulação genética.

Esses novos dados abrem caminho para um melhor tratamento desse câncer e para o desenvolvimento de novas terapias mais direcionadas.


O glioblastoma é o tumor cerebral mais frequente, mas também o mais agressivo. Todos os anos, cerca de 3500 novos casos são diagnosticados na França. Atualmente, apesar de muitos avanços científicos, esse tumor permanece incurável devido a uma forte heterogeneidade molecular e celular, o que complica o uso de esquemas terapêuticos padrão.

"O problema é que cada tumor é particular: os genes expressos são numerosos e diferentes, formando uma rede complexa de interações. Nossos trabalhos revelam uma hierarquia controlada por 'reguladores mestres' – moléculas-chave hiperconectadas – que mantêm o tumor ativamente", explica Mohamed Elati, chefe da equipe "Sistemas digitais & Câncer Computacional" do laboratório CANTHER em Lille.


Buscando categorizar os tumores para refinar os tratamentos, os cientistas haviam até então conseguido identificar 4 subgrupos tumorais com base nos perfis transcricionais (expressão gênica) dos pacientes. Porém, alguns grupos ainda permaneciam muito heterogêneos.

Neste novo estudo, os pesquisadores focaram na atividade de moléculas reguladoras, os fatores de transcrição, que interagem com nossos genes, ativando ou inibindo sua expressão. Dos 2375 fatores de transcrição e cofatores presentes em humanos, 539 estão ativos nos mecanismos tumorais do glioblastoma.

Graças à IA e ao machine learning em particular, os pesquisadores conseguiram unificar dados de 16 estudos internacionais realizados ao longo de vários anos (cerca de 1600 pacientes). Essa abordagem permitiu estabelecer o maior mapeamento até hoje da atividade transcricional do glioblastoma, identificando desta vez nada menos que 7 subtipos de tumores, cada um associado a mecanismos biológicos específicos e a um prognóstico diferente (ver figura).


Mapeamento da atividade dos fatores de transcrição dos 1600 casos registrados. Cada cor está associada a um tipo de tumor preciso com mecanismos específicos.

Essa ferramenta bioinformática, disponibilizada para a comunidade científica e batizada de GBM-cRegMap, tem como objetivo determinar com precisão, a partir de dados moleculares individuais, as características do tumor no momento de sua detecção, mas também após o tratamento, no momento da recidiva. Dados valiosos para entender melhor os mecanismos do glioblastoma e sua evolução, mas também para o desenvolvimento de terapias mais personalizadas.

Esse mapeamento também revela que os modelos pré-clínicos atuais (modelos celulares que simulam o tumor e permitem testar novas terapias) não corresponderiam, na realidade, a todos os tipos de tumores identificados, destacando a necessidade de desenvolver novas linhagens celulares.

Fonte: Inserm
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