Nos lares que utilizam fogões a gás, um estudo recente destacou uma exposição preocupante a níveis elevados de dióxido de nitrogênio (NO
2). Esse gás, que pode afetar seriamente a saúde, permanece no ar muito depois de os queimadores serem desligados, afetando também as pessoas fora da cozinha.
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O professor Rob Jackson da Escola de Sustentabilidade Doerr de Stanford, autor principal do estudo publicado em 3 de maio na
Science Advances, expressou surpresa ao encontrar concentrações de poluentes que ultrapassam os limites de saúde em quartos de dormir, persistindo horas após o uso do fogão. Segundo ele, a poluição originada dos fogões a gás não é apenas um problema para quem cozinha, mas afeta toda a família.
Uma exposição prolongada ao NO
2 pode exacerbar crises de asma e está associada a um desenvolvimento pulmonar reduzido em crianças e a mortes prematuras. Embora a maior parte da exposição ao NO
2 venha de veículos que queimam combustíveis fósseis, os pesquisadores estimam que as emissões de fogões a gás sejam responsáveis por quase 200.000 casos atuais de asma infantil nos Estados Unidos, sendo um quarto desses casos diretamente atribuíveis ao NO
2.
O estudo mostra que, em todo o território americano, o uso típico de um fogão a gás ou a propano aumenta a exposição ao dióxido de nitrogênio em cerca de 4 partes por bilhão na média anual, o que representa quase três quartos do nível reconhecido como inseguro pela Organização Mundial da Saúde para o ar externo.
Os resultados também indicam que a exposição ao NO
2 é particularmente alta em lares de pequeno tamanho, onde as concentrações podem chegar a níveis perigosos mesmo quando um exaustor é utilizado. Adicionalmente, as minorias étnicas e os domicílios de baixa renda são desproporcionalmente afetados por essa poluição interna, frequentemente exacerbada por uma maior exposição a fontes externas de NO
2.
Este estudo faz parte de uma série de pesquisas realizadas pela equipe de Jackson sobre a poluição interna causada por fogões a gás. Os trabalhos anteriores já documentaram as taxas de emissão de outros poluentes por esses aparelhos, incluindo metano e benzeno, mas este novo estudo foca no impacto direto dessas emissões na saúde humana.
Fonte: Science Advances