Cédric - Domingo 2 Março 2025

A explosão de uma estrela influenciou a evolução dos vírus? 💥

Há 2,5 milhões de anos, uma supernova próxima da Terra teria liberado radiações cósmicas intensas. Essas partículas energéticas poderiam ter modificado o DNA dos vírus do lago Tanganyika, levando a uma rápida diversificação. Um estudo recente explora essa ligação surpreendente entre o espaço e a microbiologia terrestre.

As supernovas, explosões de estrelas massivas, liberam raios cósmicos capazes de viajar por distâncias interestelares. Quando essas radiações atingem a Terra, elas podem interagir com os organismos vivos. Uma equipe de pesquisadores descobriu que uma dessas explosões coincide com um aumento repentino na diversidade viral no lago Tanganyika, na África Oriental.



Os vestígios de uma supernova nos sedimentos


Os cientistas analisaram amostras de sedimentos marinhos ricos em ferro-60, um isótopo produzido durante explosões estelares. Esses vestígios indicam que a Terra foi exposta a radiações cósmicas há cerca de 2,5 milhões de anos. Esse período corresponde a uma passagem do nosso Sistema Solar por uma região da Via Láctea marcada por supernovas. Os pesquisadores identificaram dois picos de ferro-60, um datando de 6,5 milhões de anos e outro de 2,5 milhões de anos, sugerindo vários eventos cósmicos importantes.


As simulações mostram que essas radiações podem ter atingido a superfície terrestre por 100.000 anos. As partículas cósmicas, ao danificarem o DNA, teriam favorecido mutações aceleradas nos organismos vivos. Essa hipótese é reforçada pela descoberta de um pico de diversificação viral no lago Tanganyika na mesma época. Os modelos sugerem que a supernova responsável por essas radiações veio de um grupo de estrelas localizado a cerca de 460 anos-luz da Terra.

O estudo destaca a importância dos eventos cósmicos na história evolutiva da Terra. Embora o vínculo direto entre a supernova e a diversificação viral ainda precise ser confirmado, os dados mostram uma correlação temporal impressionante. Os pesquisadores agora planejam explorar outros períodos geológicos para verificar se explosões estelares podem ter influenciado outras mudanças biológicas. Essas descobertas abrem novas perspectivas sobre a interação entre o espaço e a vida.

O lago Tanganyika, um laboratório natural


O lago Tanganyika, um dos mais antigos e profundos lagos de água doce, abriga uma biodiversidade excepcional. Mais de 2.000 espécies vivem lá, metade das quais são endêmicas. Esse ecossistema único oferece um campo de estudo ideal para entender as interações entre vírus e seus hospedeiros.

Os vírus, ao sofrerem mutações mais rapidamente, teriam influenciado a evolução das espécies do lago. Essa diversificação pode ter alterado as relações entre predadores e presas, assim como as dinâmicas ecológicas. Os cientistas destacam que as radiações cósmicas, ao danificarem o DNA, podem ter acelerado essas mutações. Embora o vínculo direto entre uma supernova e essa diversificação ainda precise ser confirmado, os dados sugerem uma correlação intrigante.

O lago Tanganyika continua sendo um tema de pesquisa devido à sua complexidade e isolamento geográfico. Estudos sobre seus sedimentos e biodiversidade fornecem pistas valiosas sobre eventos passados. As radiações cósmicas podem ter desempenhado um papel desconhecido na história evolutiva da Terra. Essas descobertas abrem caminho para novas pesquisas sobre o impacto de fenômenos astronômicos na biologia.

Para ir mais longe: Como os raios cósmicos afetam a Terra?



Os raios cósmicos são partículas altamente energéticas provenientes do espaço, muitas vezes originadas de supernovas ou outros eventos estelares violentos. Quando atingem a Terra, eles interagem com a atmosfera, criando uma cascata de partículas secundárias. Embora a maior parte dessas radiações seja absorvida pela atmosfera, uma fração consegue atingir a superfície, onde pode influenciar os organismos vivos.

Essas partículas energéticas têm a capacidade de penetrar as células e danificar o DNA. Isso pode levar a mutações genéticas, às vezes benéficas, mas muitas vezes prejudiciais. Em alguns casos, essas mutações podem acelerar a evolução ao favorecer o surgimento de novas variantes genéticas.

Os raios cósmicos não se limitam a influenciar a biologia. Eles também podem afetar o clima ao modificar a formação de nuvens ou perturbar sistemas eletrônicos, como satélites. No entanto, seu impacto mais intrigante continua sendo seu papel potencial na evolução das espécies. Ao compreender melhor essas interações, os cientistas esperam esclarecer os vínculos entre fenômenos cósmicos e a vida na Terra.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The Astrophysical Journal Letters
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