Adrien - Domingo 24 Novembro 2024

A estranha origem do beijo explicada pela ciência 💋

Um beijo pode ser muito mais do que um simples sinal de afeto. E se, na realidade, esse gesto viesse de nossos ancestrais, os grandes macacos? Uma equipe da Universidade de Warwick propõe uma nova hipótese intrigante, batizada de "o beijo final do toalete". A ideia deles? Que esse gesto teria surgido dos comportamentos de higiene observados nos grandes primatas.


Em muitas culturas, as regras sociais moldaram a forma como nos beijamos. Na Roma antiga, diferentes tipos de beijos eram usados para distinguir as relações: um beijo na bochecha era um osculum, um beijo nos lábios sem intenção erótica, um basium, enquanto o savium designava um beijo apaixonado. Ainda hoje, essas distinções perduram de forma sutil em certos contextos.

Alguns beijos, como o beijo debaixo do visco ou o beijo de casamento, estão associados a rituais e tradições bem estabelecidas. Em todo o mundo, a forma de beijar varia. Na Europa, um beijo na bochecha para cumprimentar é comum, mas dependendo do país, o número de beijos varia. Na Bélgica, um único beijo é suficiente, enquanto em outros lugares, quatro beijos às vezes são a norma.


Entre os animais, comportamentos semelhantes ao beijo humano são raros. No entanto, nossos primos mais próximos, os chimpanzés e os bonobos, se beijam, sugerindo um vínculo evolutivo. Os pesquisadores de Warwick compararam esses comportamentos e observaram que a higiene desempenha um papel crucial na manutenção dos laços sociais entre os grandes macacos, especialmente através de gestos de sucção dos lábios para remover parasitas.

O estudo sugere que essa "sucção dos lábios", observada nos grandes macacos, poderia ser um ancestral do beijo humano. À medida que o ser humano foi perdendo gradualmente seus pelos e não precisava mais da higiene para manter a própria limpeza, o aspecto social do beijo prevaleceu, transformando-se em um símbolo de proximidade e afeição.

Os pesquisadores destacam que esse comportamento de higiene com uma "sucção final" apresenta semelhanças perturbadoras com o beijo humano. Paralelamente, alguns macacos, como os capuchinhos, demonstram seu afeto enfiando os dedos nos olhos e no nariz de seus companheiros, uma prova de que os sinais de afeto variam de uma espécie para outra.

Estudos anteriores também mostram que o beijo romântico não é universal. Um estudo publicado em 2015 na revista American Anthropologist revela que menos da metade das 168 culturas estudadas pratica esse tipo de beijo. Nas culturas indígenas de caçadores-coletores, o beijo geralmente é visto como repulsivo, o que complica a ideia de que beijar seria um comportamento universal entre os humanos.

Para aprofundar ainda mais, os pesquisadores propõem estudar detalhadamente os comportamentos de higiene em macacos. Observando as diferenças de acordo com a espessura de seus pelos, poderíamos entender melhor a evolução dos comportamentos de aproximação em nossa própria espécie, desde o gesto utilitário até o beijo afetivo.

Fonte: Evolutionary Anthropology
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