Cédric - Quinta-feira 9 Janeiro 2025

Este remédio antigo, com 2500 anos, finalmente compreendido: qual o impacto na medicina moderna? 🦠

Uma argila antiga, usada há mais de 2.500 anos por suas virtudes medicinais, pode nos ensinar mais sobre nossa saúde intestinal.


Pesquisadores redescobriram as propriedades surpreendentes da "terra de Lemnos", uma argila vulcânica grega, associando-a a um fungo específico. Essa combinação inédita mostra efeitos antibacterianos promissores e uma capacidade de modular o microbioma intestinal, abrindo caminho para novas terapias.

PLoS One publicou recentemente um estudo revelando os segredos dessa argila medicinal. A terra de Lemnos era antigamente usada para tratar distúrbios digestivos, sem que ninguém soubesse exatamente como ela funcionava.

Uma equipe descobriu recentemente que é uma associação entre essa terra e um fungo que poderia lhe conferir esses efeitos "milagrosos". A equipe testou em laboratório com um fungo chamado Penicillium purpurogenum, e os resultados mostram que essa associação produz compostos bioativos com propriedades antibacterianas significativas.


Os pesquisadores descobriram que a esmectita, um tipo de argila, associada ao fungo, inibe o crescimento de bactérias patogênicas como Escherichia coli e Staphylococcus aureus. Por outro lado, o caulim, outra argila testada sozinha, não mostrou os mesmos efeitos. Essa descoberta sugere que as propriedades curativas residem na interação entre a argila e o fungo.

Testes em camundongos confirmaram esses resultados. Os roedores que receberam a mistura argila-fungo apresentaram uma diversidade microbiana aumentada em seus intestinos, um indicador chave de saúde intestinal. Essa diversidade é essencial para prevenir doenças inflamatórias como a doença de Crohn.


Ilustração do fluxo de trabalho das experiências e análises:
- Penicillium purpurogenum co-cultivado com argilas esmectita ou caulim (etapa 2).
- Filtração das co-culturas (etapa 3).
- Teste dos lixiviados para atividade antibacteriana in vitro (etapa 4). Redução do número de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas (etapa 4a).
- Análise direcionada de metabólitos fúngicos em cada amostra (etapa 5).
- Administração dos lixiviados a camundongos como complemento à sua dieta normal (etapa 6). Sequenciamento de DNA bacteriano para analisar o efeito no microbioma (etapa 6a). Análise metabolômica das fezes coletadas nos dias 0 e 14 (etapa 6b).

Os cientistas usaram cromatografia líquida-espectrometria de massa para identificar os compostos responsáveis por esses efeitos. Eles descobriram que alguns metais, como ferro e titânio, desempenham um papel crucial na interação com os microrganismos. Além disso, a mistura estimula a produção de ácidos graxos de cadeia curta, benéficos para a saúde digestiva.

Essa pesquisa abre perspectivas interessantes para o tratamento de desequilíbrios do microbioma. Ao contrário dos probióticos, que podem ser sensíveis às condições gastrointestinais, essa abordagem utiliza pequenas moléculas estáveis e eficazes. Ela poderia ser usada para tratar infecções, doenças inflamatórias e até distúrbios metabólicos.

O estudo também destaca a importância de revisitar remédios antigos com ferramentas modernas. A terra de Lemnos, há muito esquecida, poderia assim inspirar tratamentos inovadores. Embora os testes em humanos ainda precisem ser realizados, esses resultados preliminares são encorajadores.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: PLOS One
Ce site fait l'objet d'une déclaration à la CNIL
sous le numéro de dossier 1037632
Informations légales