O pensamento torna-se uma ponte para a tecnologia. Mark, um americano de 64 anos com esclerose lateral amiotrófica (Doença de Charcot), está a abrir caminho para uma nova era de comunicação.
Graças a um implante cerebral inovador, ele agora consegue controlar o Alexa, o assistente da Amazon, apenas com o pensamento. Este feito tecnológico, desenvolvido pela empresa Synchron, poderá transformar a vida de pessoas que sofrem de paralisia.
O implante, integrado através de um procedimento minimamente invasivo na veia jugular, capta sinais neuronais sem a necessidade de uma intervenção cerebral direta. Ele conecta-se a vários dispositivos, incluindo tablets Fire da Amazon, permitindo assim a Mark controlar dispositivos domésticos e aceder a entretenimento digital.
Para além de comandos básicos como gerir a iluminação ou realizar chamadas de vídeo, o implante também facilita a compra de produtos online e a leitura de livros. A integração desta tecnologia com sistemas de domótica revela um potencial de personalização sem precedentes para os utilizadores.
A Synchron, liderada por Thomas Oxley, já está a explorar outras aplicações desta interface cérebro-máquina em colaboração com gigantes tecnológicos como a OpenAI e a Apple. Estes desenvolvimentos podem expandir ainda mais as capacidades dos implantes cerebrais.
A empresa tem realizado ensaios em vários participantes nos Estados Unidos e na Austrália. Ela planeia lançar um ensaio mais amplo, visando avaliar a eficácia dessa tecnologia para um maior número de utilizadores.
A concorrência no campo das interfaces cérebro-máquina é acirrada. Empresas como a Neuralink, fundada por Elon Musk, também competem para oferecer soluções semelhantes. No entanto, nenhuma conseguiu ainda a autorização para uma comercialização em larga escala.
A Neuralink, por exemplo, anunciou recentemente avanços no seu próprio implante, com o objetivo de permitir uma interação cerebral com dispositivos digitais. Estes desenvolvimentos demonstram o crescente interesse nas tecnologias de controlo pelo cérebro.
A Doença de Charcot, ou ELA, torna estas inovações essenciais. Para as pessoas afetadas por esta doença degenerativa, que compromete a mobilidade e a comunicação, estes implantes representam uma esperança de recuperar algum nível de autonomia.
A tecnologia da Synchron, ao fazer a ponte entre neurotecnologia e ferramentas de uso comum, marca um avanço significativo no caminho para uma vida mais autónoma para pessoas com deficiências graves.
O que é a Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)?
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), ou Doença de Charcot, é uma doença neurodegenerativa progressiva. Ela afeta as células nervosas no cérebro e na medula espinhal, causando uma progressiva paralisia muscular.
As pessoas afetadas veem as suas capacidades motoras e a fala deteriorarem-se até à paralisia completa. Esta doença é geralmente fatal em poucos anos, com uma média de vida após o diagnóstico de 3 a 5 anos.
O que é uma interface cérebro-máquina (BCI)?
Uma interface cérebro-máquina (BCI), ou interface cérebro-computador, é uma tecnologia que estabelece uma comunicação direta entre o cérebro e um dispositivo externo. Ela capta sinais neuronais, muitas vezes através de eletrodos implantados, e os traduz em comandos para controlar dispositivos eletrónicos, como computadores ou equipamentos de domótica.
As BCIs são particularmente promissoras para pessoas paralisadas, permitindo a interação com tecnologias digitais sem a necessidade de outros meios de comunicação, como a voz ou o toque.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Business Wire