As praias da bacia do Mediterrâneo estão passando por uma transformação inesperada. Uma espécie microscópica,
Amphistegina lobifera, contribui para a formação da areia e altera o equilíbrio natural das costas.
Esses organismos unicelulares, que proliferam em águas quentes, criam praias ao acumular seus esqueletos calcários. Um fenômeno surpreendente que agora está atraindo a atenção dos cientistas.
Imagem ilustrativa - Pixabay
De origem tropical,
A. lobifera atravessou o canal de Suez há várias décadas. Essa migração, inicialmente preocupante devido ao seu potencial invasivo, tomou um rumo inesperado. As praias que antes eram rochosas no Mediterrâneo oriental estão agora cobertas por uma areia inédita.
Na Turquia, essa areia, composta por esqueletos calcários, atrai turistas. Trata-se de uma mistura de outros conchas e restos de
foraminíferos. Esta situação representa uma oportunidade para a indústria turística local.
Pesquisas conduzidas pela oceanógrafa americana Pamela Hallock revelam que a formação dessas praias segue um ritmo comparável ao da elevação do nível do mar. As águas quentes e a alta alcalinidade aceleram o metabolismo desses organismos.
No entanto, essa situação levanta questões ecológicas. Esses
foraminíferos estão reaparecendo em águas onde seus ancestrais viveram há milênios. Sua presença pode ser vista como um "retorno às origens", mas também pode perturbar os ecossistemas atuais.
A influência humana no meio ambiente parece favorecer o desenvolvimento dessas espécies. Os cientistas questionam-se sobre os impactos de longo prazo desse fenômeno. Isso pode ser considerado um efeito positivo das mudanças climáticas?
Essa reflexão complexa destaca a ligação entre as atividades humanas e as dinâmicas dos ecossistemas marinhos. Serão necessárias pesquisas mais aprofundadas para avaliar os impactos ecológicos no longo prazo.
O que é um foraminífero?
Os foraminíferos, ou "forams", são organismos unicelulares marinhos. Apesar de seu tamanho microscópico, essas criaturas desempenham um papel importante nos ecossistemas. Eles possuem um esqueleto externo formado principalmente por carbonato de cálcio, que, uma vez mortos, se acumula no fundo do mar.
Esses organismos ajudam a formar a areia das praias, principalmente em regiões como o Mediterrâneo oriental. Seus esqueletos calcários se decompõem em partículas finas, contribuindo para o aspecto e a textura da areia, o que é essencial para a atratividade turística das praias. Eles também fornecem testemunhos das condições ambientais.
Os foraminíferos são excelentes indicadores da saúde dos oceanos. Ao estudar suas populações, os cientistas podem detectar mudanças na química dos oceanos, na temperatura e na poluição. Sua presença ou ausência ajuda a entender melhor a evolução dos ambientes marinhos.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Journal of Foraminiferal Research