A Universidade da Austrália Ocidental, com seu projeto TeraNet, alcançou um marco importante no campo das comunicações espaciais. Utilizando lasers para transmitir dados entre o espaço e a Terra, anuncia um aumento espetacular na largura de banda, até mil vezes mais rápida que as tecnologias atuais.
TeraNet é uma rede de estações terrestres ópticas, projetada para comunicações espaciais de alta velocidade. Esta rede captou recentemente com sucesso sinais laser provenientes do satélite alemão OSIRISv1, instalado no satélite
Flying Laptop da Universidade de Stuttgart. A equipe, liderada pelo professor associado Sascha Schediwy do Centro Internacional de Pesquisa em Radioastronomia (ICRAR) da Universidade da Austrália Ocidental, detectou esses sinais graças a duas de suas estações terrestres.
Ao contrário dos sinais de rádio tradicionais usados desde o lançamento do Sputnik 1 há quase 70 anos, os lasers permitem transmitir muito mais dados, pois operam em frequências muito mais altas. As comunicações a laser podem atingir velocidades de vários milhares de gigabits por segundo, o que representa um avanço significativo em relação às tecnologias atuais.
Desafios superados pela engenhosidade
No entanto, as comunicações a laser apresentam desafios, como a vulnerabilidade às condições meteorológicas, como nuvens e chuva. Para contornar esse problema, a rede
TeraNet é composta por três estações terrestres distribuídas na Austrália Ocidental. Em caso de mau tempo em uma estação, o satélite pode transferir seus dados para outra estação sob um céu claro.
Além disso, uma dessas estações é montada em um caminhão Jeep especialmente projetado para ser rapidamente deslocado para locais que necessitem de comunicações espaciais ultra-rápidas. Esta capacidade é particularmente útil em áreas remotas ou durante desastres naturais, onde as infraestruturas de comunicação tradicionais podem ser danificadas.
Um potencial de impacto considerável
As aplicações desta tecnologia são vastas. As comunicações a laser de alta velocidade podem revolucionar a transferência de dados para satélites de observação da Terra, melhorar e assegurar as redes de comunicação militar, e fortalecer as operações remotas em setores como a mineração autônoma ou a gestão de desastres nacionais.
O projeto
TeraNet, apoiado pelo governo australiano, o governo da Austrália Ocidental e a UWA, recebeu em 2023 um financiamento de 6,3 milhões de dólares no âmbito do programa de subsídios da missão
Moon to Mars Demonstrator da Agência Espacial Australiana.
Este financiamento apoia a construção das três estações ópticas do TeraNet, com um apoio adicional do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), que fornece acesso aos seus satélites equipados com comunicações a laser.
Uma visão para o futuro das comunicações espaciais
Eventualmente,
TeraNet apoiará inúmeras missões espaciais internacionais, desde a órbita terrestre baixa até a Lua. Além das comunicações ópticas convencionais, esta rede utilizará tecnologias avançadas, tais como comunicações em espaço profundo, comunicações coerentes ultra-rápidas, comunicações seguras por quantum, assim como posicionamento e cronometragem ópticos.
Ao estabelecer esta rede, a Austrália se posiciona como um ator-chave na infraestrutura de comunicação global, capaz de responder às crescentes necessidades de transferência de dados a partir do espaço.
Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: International Centre for Radio Astronomy Research