Cédric - Sexta-feira 28 Março 2025

Este novo método poderia identificar vida extraterrestre inesperada 👽

A exploração de planetas distantes, os exoplanetas, está a dar uma virada decisiva.

Um estudo recente publicado na Astrophysical Journal Letters propõe um método inédito para detectar vida além do nosso Sistema Solar. Foca-se em gases, os halogenetos de metilo, que poderiam revelar a existência de formas de vida microbianas em planetas chamados "hiceanos", mundos oceânicos com uma atmosfera rica em hidrogénio.



Mundos oceânicos como alvos prioritários


A observação direta de planetas semelhantes à Terra é difícil com as tecnologias atuais. O seu pequeno tamanho e baixa luminosidade tornam complicada a análise da sua atmosfera. O telescópio espacial James Webb (JWST) volta-se, portanto, para exoplanetas mais massivos, que orbitam estrelas anãs vermelhas. Estas estrelas, mais pequenas e menos quentes do que o nosso Sol, são abundantes na galáxia.


Os mundos hiceanos, embora inabitáveis para o ser humano, poderiam albergar micro-organismos. De facto, os seus oceanos, protegidos por uma atmosfera densa e rica em hidrogénio, criariam um ambiente propício à vida de organismos anaeróbicos. A busca por bioassinaturas específicas, como os halogenetos de metilo, torna-se então interessante.

Os halogenetos de metilo, produzidos na Terra por bactérias, algas ou fungos, poderiam acumular-se em quantidades detetáveis nesses planetas. A sua presença, combinada com outros indícios, aumentaria a probabilidade de existência de vida extraterrestre. O JWST, com a sua capacidade de analisar as atmosferas dos exoplanetas, oferece uma oportunidade única para explorar estes mundos oceânicos.

Uma assinatura química promissora


A presença destes gases, mesmo em baixas concentrações na Terra, poderia ser significativa nos planetas hiceanos. A sua acumulação, devido a condições atmosféricas particulares, tornaria a sua deteção possível a anos-luz de distância. Os halogenetos de metilo, como o cloreto de metilo ou o brometo de metilo, possuem propriedades químicas que os tornam detetáveis por espectroscopia de infravermelhos. Esta técnica, utilizada pelo JWST, permite identificar as moléculas presentes na atmosfera de um exoplaneta ao analisar a luz que a atravessa.

O JWST, com a sua capacidade de analisar atmosferas exoplanetárias, oferece uma oportunidade única para explorar estes mundos oceânicos. Os cientistas estimam que a deteção destes gases, combinada com outros indícios como a presença de água líquida e uma temperatura compatível com a vida, aumentaria consideravelmente a probabilidade de deteção de vida extraterrestre. Além disso, a deteção destes gases é mais rápida e menos dispendiosa do que a do oxigénio ou do metano, o que torna esta abordagem particularmente atrativa.


Os investigadores da Universidade da Califórnia em Riverside estão a ampliar o seu estudo para outros tipos de planetas e gases. Examinam ambientes terrestres extremos, como o Mar Salton, para compreender melhor os processos de produção destas moléculas. A descoberta de halogenetos de metilo em vários exoplanetas sugeriria uma distribuição alargada de vida microbiana no Universo. Assim, a busca por este tipo de bioassinaturas específicas torna-se crucial para determinar se estamos sozinhos no Universo.

Para saber mais: Como é que o JWST deteta bioassinaturas?


O telescópio espacial James Webb utiliza a espectroscopia de infravermelhos para analisar a composição das atmosferas dos exoplanetas. Ao medir a luz que atravessa a atmosfera de um planeta, pode identificar os gases presentes. Cada gás absorve a luz em comprimentos de onda específicos, criando assinaturas únicas.

Os halogenetos de metilo, por exemplo, absorvem fortemente a luz infravermelha. Esta propriedade facilita a sua deteção pelo JWST. A comparação dos espetros obtidos com modelos atmosféricos permite determinar a concentração destes gases e procurar indícios de vida.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: The Astrophysical Journal Letters
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