Cédric - Segunda-feira 14 Outubro 2024

Este medicamento comum pode ser eficaz no tratamento de tumores cerebrais

Um tratamento amplamente utilizado contra a depressão poderia revolucionar a luta contra o câncer cerebral? As descobertas recentes em torno da vortioxetina, um antidepressivo, trazem à tona perspectivas promissoras.

Pesquisadores suíços iluminaram as capacidades inesperadas deste antidepressivo na batalha contra o glioblastoma. Este tumor cerebral, um dos mais temíveis, pode em breve enfrentar uma nova forma de resistência.


O Hospital Universitário de Zurique está por trás desta pesquisa. Seu estudo foi publicado na revista Nature Medicine e revela que a vortioxetina pode desacelerar significativamente a progressão do glioblastoma. O medicamento foi testado em modelos de camundongos, e os resultados são encorajadores.

O glioblastoma é conhecido por sua resistência aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia. Todos os anos, cerca de 3.500 novos casos são diagnosticados na França, sublinhando a urgência de inovações terapêuticas.


Os pesquisadores usaram uma plataforma de farmacoscopia para avaliar a eficácia de várias substâncias em tecidos cancerosos humanos. Mais de 130 compostos foram testados, destacando a eficácia particular da vortioxetina. Este medicamento age desencadeando uma cascata de sinais que inibe a divisão celular.

Resultados preliminares mostraram que, com o tratamento com vortioxetina, 66,7% dos tumores retirados de pacientes apresentaram uma redução significativa. Esta melhoria notável foi medida graças a técnicas avançadas de imagem, que permitiram avaliar o tamanho dos tumores antes e após a administração do medicamento.

Paralelamente, testes em modelos de camundongos também confirmaram a eficácia do medicamento. Nesses estudos, os camundongos com glioblastoma apresentaram uma desaceleração marcada no crescimento dos tumores quando receberam vortioxetina. Este efeito mostrou-se particularmente potente quando combinado com outros tratamentos convencionais, como a quimioterapia.

Para validar esses resultados, ensaios clínicos estão sendo preparados. Um deles envolverá a administração de vortioxetina em complemento aos tratamentos padronizados em humanos. Outro proporá uma seleção personalizada de medicamentos.

É essencial lembrar que, até lá, a automedicação não é uma solução. O Dr. Michael Weller, coautor do estudo, alerta sobre os riscos associados ao uso não supervisionado. O medicamento precisa passar por testes rigorosos antes de ser prescrito.

As pesquisas atuais demonstram que a inovação terapêutica pode, às vezes, vir de tratamentos existentes, reutilizados de maneira estratégica. Se os ensaios clínicos confirmarem a eficácia da vortioxetina, isso representará um avanço significativo na luta contra o glioblastoma, que continua sendo um dos tumores mais difíceis de tratar.

O que é farmacoscopia?



A farmacoscopia é um método utilizado para estudar os efeitos dos medicamentos em células vivas. Essa técnica permite testar simultaneamente centenas de substâncias ativas em amostras biológicas, facilitando a identificação de tratamentos potenciais para várias patologias, incluindo cânceres.

Ao integrar ferramentas de imagem e análise computacional, a farmacoscopia oferece uma abordagem sistemática para determinar a eficácia de medicamentos existentes ou novos.

Como a vortioxetina age contra o glioblastoma?


A vortioxetina, como antidepressivo, atua principalmente modulando a neurotransmissão no cérebro. No contexto do glioblastoma, ela demonstrou capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e influenciar a sinalização celular, retardando assim a divisão das células cancerígenas.

Essa ação neuroprotetora também parece sensibilizar as células tumorais aos tratamentos convencionais, tornando a quimioterapia e a radioterapia mais eficazes. Os resultados de pesquisas recentes destacam seu potencial como uma opção terapêutica inovadora na luta contra essa forma agressiva de câncer.

O que é o glioblastoma?


O glioblastoma é uma forma agressiva de câncer cerebral, representando o tumor cerebral maligno mais comum e temido. Ele se desenvolve a partir de células gliais, que sustentam e protegem os neurônios.

Este câncer é caracterizado por crescimento rápido e uma forte resistência aos tratamentos convencionais, como a quimioterapia e a radioterapia. A sobrevida média após o diagnóstico geralmente não excede doze meses, sublinhando a urgência de encontrar tratamentos mais eficazes.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Nature medicine
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