As leis clássicas explicam com precisão a atração gravitacional em grande escala. No entanto, quando se trata do infinitamente pequeno, elas falham. Em escala quântica, compreender a gravidade torna-se essencial para explicar fenômenos como o Big Bang ou o interior dos buracos negros.
O objetivo dos pesquisadores é desenvolver modelos capazes de unificar essas duas escalas. Johanna Erdmenger, professora da Universidade de Würzburg, explora esse caminho. Um dos instrumentos centrais nessa busca é a correspondência AdS/CFT, que relaciona as teorias gravitacionais em um espaço curvado às teorias quânticas mais simples.
O espaço AdS, ou Anti-de-Sitter, possui uma geometria peculiar. Ele está associado a uma teoria quântica chamada CFT, cujas propriedades são invariantes em todas as escalas espaciais. Essa correspondência, segundo Erdmenger, simplifica os processos gravitacionais complexos ao compará-los com modelos matemáticos mais acessíveis.
A ideia principal dessa teoria é que existe uma relação entre o que acontece dentro de um espaço-tempo curvado (como o que se encontra perto de um buraco negro) e o que acontece no exterior desse espaço. Essa relação é semelhante a um holograma: assim como uma imagem 3D pode ser criada a partir de uma superfície 2D, fenômenos complexos dentro do espaço-tempo podem ser descritos por equações mais simples.
Para testar essa teoria em laboratório, a equipe de Würzburg concebeu um circuito elétrico especial. Esse circuito funciona como um modelo em miniatura de espaço-tempo. Ao dispor os componentes elétricos de maneira precisa, eles conseguem imitar a curvatura do espaço-tempo e observar como sinais elétricos se comportam nesse sistema curvado. Esse tipo de simulação permite que eles testem como a gravidade poderia funcionar em ambientes extremos, como perto de buracos negros, mas no contexto de laboratório.
Isso não é apenas uma experimentação de laboratório. Esse tipo de circuito poderia ter aplicações concretas. Ao imitar a curvatura do espaço, descobriu-se que esses circuitos poderiam estabilizar os sinais elétricos que os atravessam. Isso significa que os sinais seriam mais robustos e menos suscetíveis a perdas ou perturbações. Essa estabilidade poderia ser extremamente útil em tecnologias que demandam sinais confiáveis, como redes neurais artificiais ou outros sistemas baseados em inteligência artificial.
A equipe planeja aprofundar essas pesquisas para melhor compreender a gravidade e explorar os potenciais tecnológicos associados.
Fonte: Physical Review Letters