Cédric - Sexta-feira 12 Setembro 2025

♻️ Esta inovação transforma resíduos plásticos em armadilha de carbono

Investigadores dinamarqueses encontraram uma forma surpreendente de transformar um problema ambiental numa solução climática. O plástico descartado poderá em breve desempenhar um papel ativo na luta contra o CO2.

Enquanto os oceanos estão saturados de plásticos e as concentrações de CO2 na atmosfera continuam a aumentar, a necessidade de inovar torna-se urgente. A equipa da Universidade de Copenhaga propõe uma abordagem original, que combina valorização de resíduos e captura de carbono, oferecendo uma perspetiva inédita sobre dois grandes desafios.


O material BAETA é um material reciclado a partir de plástico PET através de um processo químico.
Foto: Max Emil Madsen, Universidade de Copenhaga.


Do plástico aos materiais que capturam CO2


O ponto de partida desta inovação é o plástico PET, muito comum em garrafas e embalagens alimentares. Uma vez descartado, degrada-se em microplásticos poluentes, que se dispersam nos solos, na água e no ar. Os investigadores desenvolveram um processo químico que transforma o PET num material ativo capaz de absorver CO2.


Esta transformação baseia-se na upcycling químico: o plástico é decomposto em monómeros, depois enriquecido com etilenodiamina, uma molécula conhecida pela sua capacidade de fixar CO2. O produto final, denominado BAETA, possui uma superfície quimicamente otimizada, permitindo capturar eficazmente as moléculas de carbono.

Uma característica essencial do BAETA é a sua flexibilidade térmica. O material mantém-se eficaz desde a temperatura ambiente até cerca de 150°C, o que o torna adequado para os condutos de escape de instalações industriais. Pode depois libertar o CO2 acumulado através de aquecimento, permitindo assim armazená-lo ou reutilizá-lo.

Promessas para a indústria e o ambiente


A aplicação prática do BAETA visaria primeiro os locais industriais, filtrando as emissões diretamente na saída das chaminés. A tecnologia foi concebida para ser suave e adaptável, funcionando à temperatura ambiente, ao contrário de alguns sistemas de captura de carbono mais energívoros.

Os investigadores insistem na vantagem ecológica: o plástico utilizado é principalmente aquele que já não pode ser reciclado eficazmente. Assim, este método não compete com a reciclagem clássica, mas complementa-a, ao mesmo tempo que dá uma segunda vida aos resíduos plásticos.

Para além da indústria, a equipa identifica um recurso abundante e problemático: o PET degradado nos oceanos. A utilização destes materiais plásticos flutuantes permitiria reduzir a poluição marinha enquanto produz BAETA, criando um duplo benefício para o ambiente.

Um dos objetivos dos cientistas é transformar este processo numa atividade economicamente viável. A próxima etapa consistirá assim em produzir BAETA em grande quantidade, e atrair investimentos, de forma a tornar a tecnologia acessível em larga escala e operacional em instalações reais.

Science Advances publica os detalhes químicos deste processo, mostrando a relativa simplicidade do método e o seu potencial de integração industrial. Os investigadores destacam a sustentabilidade e a flexibilidade do material para enfrentar as restrições reais da indústria.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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