A apenas 150 anos-luz da Terra, uma equipe de astrônomos identificou um sistema binário excepcional. Essas duas estrelas, separadas por apenas 1/60 da distância Terra-Sol, estão em rota de colisão.
Esta descoberta, publicada na
Nature Astronomy, revela um par de anãs brancas particularmente massivo. Com uma órbita ultracompacta, elas se aproximam inexoravelmente, destinadas a entrar em contato, o que resultará em uma dupla supernova. As explosões estão previstas para daqui a... 22,6 bilhões de anos, mais ou menos 1 bilhão.
Representação artística do sistema binário antes da explosão. As duas anãs brancas, separadas por uma distância ínfima, terminarão suas vidas como supernovas.
Crédito: University of Warwick/Mark Garlick
As supernovas do tipo Ia servem como marcos cósmicos para medir distâncias intergalácticas. Elas ocorrem quando uma anã branca acumula massa demais, desencadeando uma explosão termonuclear.
James Munday, líder do estudo, destaca a importância desta descoberta. Localizado em nossa galáxia, este sistema confirma previsões teóricas de décadas atrás. Sua proximidade permite observações detalhadas, impossíveis com objetos mais distantes.
A massa combinada das duas estrelas supera a do Sol em 56%. Essa característica garante sua explosão futura. Apesar de seu destino violento, elas não representam perigo para a Terra, mesmo a essa distância relativamente próxima, e principalmente em um prazo tão distante.
A Dra. Ingrid Pelisoli explica que esta descoberta sugere uma frequência maior desses sistemas do que se estimava anteriormente. Ela abre caminho para uma melhor compreensão dos mecanismos por trás das supernovas do tipo Ia, ainda parcialmente misteriosos. A explosão final será de uma violência inédita, liberando uma energia colossal.
Este estudo marca um marco na astrofísica estelar. Ele oferece pistas valiosas sobre a evolução de sistemas binários em nossa galáxia.
O que é uma supernova do tipo Ia?
Uma supernova do tipo Ia é uma explosão estelar resultante do acúmulo de massa por uma anã branca além de um limite crítico, conhecido como limite de Chandrasekhar. Esse fenômeno ocorre em sistemas binários onde uma anã branca suga matéria de sua companheira.
Essas explosões têm uma luminosidade tão constante que servem como "velas padrão" para medir distâncias cósmicas. Seu estudo permite aos astrônomos mapear a expansão do Universo e entender a natureza da energia escura.
O processo que leva a uma supernova do tipo Ia pode variar. Em alguns casos, a anã branca se funde com outra anã branca, como no sistema recentemente descoberto. Em outros, ela acumula lentamente matéria de uma estrela companheira do tipo gigante vermelha.
Apesar de sua utilidade em cosmologia, os mecanismos exatos que desencadeiam essas supernovas ainda são um tema de pesquisa ativo. A descoberta de sistemas como este ajuda a refinar modelos teóricos e a prever melhor sua ocorrência.
Como as anãs brancas evoluem em sistemas binários?
As anãs brancas são os remanescentes de estrelas que esgotaram seu combustível nuclear. Em um sistema binário, sua evolução pode ser influenciada por sua companheira, levando a fenômenos espetaculares como supernovas ou novas.
Quando duas anãs brancas orbitam uma à outra, elas perdem energia na forma de ondas gravitacionais. Essa perda de energia reduz gradualmente sua distância, até que se fundam ou desencadeiem uma explosão.
O sistema descoberto pela equipe de Warwick é um exemplo raro de binária compacta de alta massa. Sua proximidade e características o tornam um objeto de estudo ideal para entender a dinâmica desses sistemas.
Fonte: Nature Astronomy