Cédric - Quarta-feira 2 Outubro 2024

Esta descoberta na França revela o uso de flechas envenenadas há 54.000 anos

A descoberta das flechas envenenadas pode muito bem revolucionar nossa compreensão da caça no Paleolítico. Este avanço arqueológico revela um conhecimento técnico inesperado de nossos ancestrais, há 54.000 anos.

Pesquisas recentes conduzidas no sul da África e na Europa revelaram o uso de venenos desde essa época remota. Essas práticas antigas mostram uma impressionante engenhosidade para a sobrevivência humana diante dos desafios do ambiente pré-histórico.


A arqueologia tradicional não permitia detectar vestígios de venenos nas flechas, mas as análises biomoleculares recentes mudaram esse cenário. Glicosídeos cardiotônicos foram encontrados em pontas de flechas na África, datando de 24.000 a 37.000 anos, sugerindo uma estratégia de caça sofisticada.

A descoberta de flechas na caverna Mandrin, na França, confirma a hipótese de um uso semelhante de venenos. Os arqueólogos estimam que 26% dessas pontas eram usadas para paralisar suas presas com substâncias tóxicas, muito antes do que se pensava. Esse uso poderia remontar a cerca de 54.000 anos. Os pesquisadores utilizaram o método da Tip Cross-Sectional Area (TCSA) para distinguir as flechas envenenadas das demais.


Um simples arranhão causado por uma ponta era suficiente para matar uma presa devido ao veneno. Essas práticas revelam um conhecimento avançado da toxicidade das plantas locais. Na Europa, o acônito-napelo e a dedaleira, duas espécies mortais, eram provavelmente utilizadas para extrair os venenos.

Esse domínio biológico prova que os caçadores-coletores do Paleolítico não eram apenas simples utilizadores de ferramentas cortantes, mas estrategistas engenhosos que exploravam seu ambiente a seu favor.

O uso de flechas envenenadas não se limita a uma região ou época. Vestígios semelhantes foram encontrados no Egito e entre os San do sul da África, destacando uma prática universal das sociedades antigas.

O que é o Tip Cross-Sectional Area (TCSA)?

O Tip Cross-Sectional Area (TCSA) é um método utilizado na arqueologia para medir a área transversal das pontas de flechas. Ao analisar o tamanho e a forma das pontas, é possível determinar seu provável uso. Por exemplo, as pontas pequenas são frequentemente associadas a flechas envenenadas.

A importância do TCSA reside em sua capacidade de revelar a função das flechas com base em sua capacidade de penetração. Flechas envenenadas exigem menos penetração, o que explica suas pontas menores. Por outro lado, flechas sem veneno precisam penetrar mais profundamente na presa.

Essa técnica permite distinguir entre flechas envenenadas e outros tipos de armas, como dardos ou lanças, oferecendo uma visão sobre as estratégias de caça antigas.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Journal of Archaeological Science: Reports
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