Uma equipe de pesquisadores propõe uma nova visão dos primeiros instantes do Universo. O seu modelo dispensa as hipóteses especulativas tradicionais.
Os cosmólogos trabalham há muito tempo com o paradigma da inflação, sugerindo uma expansão ultrarrápida do Universo. Este modelo, embora útil, baseia-se em parâmetros ajustáveis que complicam a sua avaliação científica. A nova abordagem elimina essas incertezas partindo de um estado cósmico bem conhecido, o espaço De Sitter (ver capítulo abaixo).
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A equipe liderada por Raúl Jiménez desenvolveu uma teoria em que as flutuações quânticas naturais do espaço-tempo são suficientes para explicar a estrutura cósmica. Essas ondas gravitacionais, ao interagirem de forma não linear, criam a complexidade observada hoje. O modelo evita assim recorrer a campos ou partículas hipotéticas.
Segundo os pesquisadores, esta proposta destaca-se pela sua simplicidade e verificabilidade. Baseia-se apenas na gravidade e na mecânica quântica, dois pilares da física moderna. As futuras observações de ondas gravitacionais poderão confirmar ou refutar esta visão.
As implicações desta descoberta podem ser profundas. Ao eliminar a necessidade de elementos especulativos, oferece uma imagem mais clara dos primeiros momentos do Universo. É um passo em direção a uma compreensão mais pura das leis que regem o nosso cosmos.
Esta abordagem minimalista abre um novo caminho para entender a origem do Universo. Mostra que princípios fundamentais podem ser suficientes para explicar a complexidade cósmica. Os cientistas aguardam com expectativa os dados que testarão esta teoria.
O que é o espaço De Sitter?
O espaço De Sitter é uma solução para as equações da relatividade geral de Einstein. Descreve um universo em expansão acelerada, semelhante ao que observamos hoje com a energia escura. Este espaço é caracterizado por uma curvatura positiva constante, sem matéria nem radiação.
No novo modelo, o espaço De Sitter serve como ponto de partida. As flutuações quânticas neste espaço são suficientes para gerar as estruturas cósmicas, sem necessidade de inflação.
Esta abordagem simplifica consideravelmente a nossa compreensão dos primeiros instantes do Universo. Liga diretamente as observações atuais aos princípios fundamentais da física.
Como as ondas gravitacionais moldam o Universo?
As ondas gravitacionais são perturbações do espaço-tempo previstas por Einstein. Propagam-se à velocidade da luz e são geradas por eventos cósmicos violentos.
No modelo proposto, essas ondes desempenham um papel crucial desde os primeiros instantes. As suas flutuações quânticas criam diferenças de densidade que evoluem para estruturas cósmicas. Com o tempo, dão origem às galáxias, estrelas e planetas que observamos.
Fonte: Physical Review Research