Cédric - Sexta-feira 14 Março 2025

Envelhecimento: a vantagem XX das mulheres 🧬

As mulheres possuem dois cromossomos X, sendo que um deles é geralmente "silencioso". Este último, considerado inativo por muito tempo nas mulheres, pode na verdade desempenhar um papel crucial na preservação das capacidades cognitivas com o avanço da idade. De fato, um estudo recente revela que esse cromossomo se reativa tardiamente, oferecendo uma resiliência cerebral inesperada.


Essa descoberta, realizada por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco (UCSF), abre novas perspectivas sobre as diferenças de envelhecimento entre os sexos. Ao estudar camundongos fêmeas, os cientistas observaram que o cromossomo X "silencioso" expressa genes benéficos para o cérebro em idades avançadas, o que poderia explicar por que as mulheres frequentemente mantêm suas faculdades cognitivas por mais tempo do que os homens.

O despertar inesperado do cromossomo X



As fêmeas de mamíferos possuem dois cromossomos X, sendo que um deles é geralmente inativado para evitar uma superprodução de proteínas. Esse mecanismo era até então considerado uma forma de manter o equilíbrio genético. No entanto, essa inativação não é total, e alguns genes conseguem se expressar apesar desse "silêncio" imposto.

Em camundongos fêmeas com 20 meses de idade (equivalente a humanos de 65 anos), os pesquisadores observaram que o cromossomo X inativo começa a expressar cerca de 20 genes. Esses genes, envolvidos no desenvolvimento cerebral e na cognição, parecem desempenhar um papel protetor no envelhecimento. Essa reativação foi particularmente notável no hipocampo, uma região-chave para a memória e o aprendizado.

O estudo utilizou camundongos geneticamente modificados para rastrear a expressão dos genes no cromossomo X inativo. Os resultados mostraram que essa reativação afeta vários tipos de células cerebrais, incluindo neurônios e oligodendrócitos. Essas descobertas sugerem que o cromossomo X "silencioso" pode ser um recurso genético inexplorado, contribuindo para a resiliência cerebral observada em mulheres idosas.

PLP1: um gene-chave para a saúde cerebral


Entre os genes reativados no cromossomo X inativo, PLP1 chamou particularmente a atenção dos pesquisadores. Esse gene desempenha um papel essencial na produção de mielina, uma substância que isola os axônios dos neurônios e melhora a transmissão dos sinais nervosos. A degradação da mielina está frequentemente associada a distúrbios neurológicos, o que torna o PLP1 importante para a saúde cerebral.

Os camundongos fêmeas idosos apresentaram níveis mais elevados de PLP1 no hipocampo, uma região cerebral essencial para a memória e o aprendizado. Esse aumento sugere que o cromossomo X inativo contribui para manter a integridade das conexões neuronais em fêmeas envelhecidas. Os pesquisadores também observaram que os machos idosos tinham níveis de PLP1 significativamente mais baixos, o que poderia explicar em parte suas diferenças de resiliência cognitiva.

Para testar o impacto do PLP1, os cientistas aumentaram artificialmente sua expressão em camundongos machos e fêmeas idosos. Os resultados mostraram uma melhora notável no desempenho cognitivo, especialmente em testes de memória e aprendizado. Essas observações abrem caminho para possíveis intervenções terapêuticas direcionadas ao PLP1, visando retardar o declínio cognitivo relacionado à idade, tanto em mulheres quanto em homens.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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