As mulheres podem sentir mais dor crônica devido a diferenças em suas respostas imunológicas e a níveis mais elevados de leptina. Essa descoberta destaca a importância de tratamentos específicos de acordo com o sexo.
Uma equipe da Universidade de Calgary revelou divergências biológicas entre os sexos na percepção da dor crônica. O Dr. Tuan Trang e seus colegas observaram que as mulheres são mais afetadas por esse tipo de dor, um fenômeno já mencionado em um relatório de 2019.
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O estudo, publicado na
Neuron, focou na dor neuropática, um tipo de dor resultante de lesões nervosas. Os pesquisadores descobriram que os sinais de dor passam por canais de pannexina 1 (Panx1) em ambos os sexos, mas as células imunológicas envolvidas diferem.
Nas mulheres, a ativação do Panx1 também provoca a liberação de leptina, um hormônio ligado a uma maior sensibilidade à dor. Isso pode explicar por que as mulheres são mais vulneráveis à dor crônica, uma pista até então pouco explorada em pesquisas pré-clínicas majoritariamente masculinas.
Níveis elevados de leptina em mulheres com dor crônica já haviam sido documentados. O Dr. Trang lembra que, desde os anos 1980, estudos com amostras de sangue humano revelaram essa correlação, sem que seus mecanismos fossem compreendidos.
A Dra. Lori Montgomery, clínica e professora associada, ressalta a importância de considerar o sexo e o gênero no tratamento da dor. Essa pesquisa abre caminho para tratamentos personalizados, potencialmente mais eficazes para mulheres.
O estudo revela, assim, mecanismos distintos entre os sexos no manejo da dor, oferecendo novas perspectivas para terapias adaptadas. Trabalhos futuros deverão aprofundar essas diferenças para melhorar os cuidados.
O que é dor neuropática?
A dor neuropática resulta de uma lesão ou disfunção do sistema nervoso. Diferentemente da dor nociceptiva, que é uma resposta a uma lesão ou inflamação, ela persiste frequentemente após a cura da lesão inicial.
Esse tipo de dor é particularmente difícil de tratar, pois nem sempre responde a analgésicos tradicionais. Os sintomas podem incluir sensações de queimação, formigamento ou maior sensibilidade ao toque, como no caso da alodinia.
Pesquisas recentes destacam a importância de entender os mecanismos subjacentes para desenvolver tratamentos mais eficazes. As diferenças entre os sexos nesses mecanismos abrem novas vias para abordagens terapêuticas direcionadas.
Fonte: Neuron