Adrien - Quarta-feira 31 Dezembro 2025

đŸ’„ Duas explosĂ”es de novas "fotografadas" com resolução excepcional

As explosĂ”es de novas, que se imaginava atĂ© aqui relativamente simples, revelam-se na realidade muito diferentes. Uma equipa internacional publicou na Nature Astronomy imagens com detalhes inĂ©ditos, revelando ejeçÔes de matĂ©ria mĂșltiplas e atrasos inesperados.

Estes fenómenos ocorrem quando uma anã branca, vestígio de uma estrela, acumula gås de uma estrela companheira. A explosão termonuclear que daí resulta era, contudo, difícil de examinar diretamente, porque os telescópios convencionais apenas a detetavam como um ponto luminoso. Consequentemente, os astrónomos tinham de deduzir os mecanismos a partir de sinais indiretos, o que limitava a sua compreensão das primeiras fases destas erupçÔes.


ImpressĂŁo artĂ­stica da nova V1674 Herculis.
Crédito: The CHARA Array

Para contornar esta dificuldade, a rede CHARA na Califórnia empregou a interferometria. Esta técnica combina a luz de seis telescópios, simulando um instrumento gigante dotado de uma resolução excepcional. Assim, os investigadores puderam obter imagens das novas pouco depois do seu despoletamento, seguindo a evolução destas estruturas em tempo real.


A primeira nova estudada, V1674 Herculis, explodiu em 2021 e extinguiu-se em poucos dias, um recorde de rapidez. As imagens revelam dois fluxos de gĂĄs perpendiculares, indicando vĂĄrias explosĂ”es. É notĂĄvel que estas estruturas coincidam com a deteção de raios gama pelo telescĂłpio Fermi da NASA, ligando diretamente as colisĂ”es de matĂ©ria Ă s emissĂ”es de alta energia.

Por seu lado, a segunda nova, V1405 Cassiopeiae, também é datada de 2021. Apresenta um comportamento diferente, com uma evolução lenta. Surpreendentemente, manteve as suas camadas externas durante mais de 50 dias antes de as ejetar. Esta observação fornece a prova mais clara até à data de atrasos na expulsão de matéria. Durante a ejeção final, formaram-se novas ondas de choque, produzindo novamente raios gama detetados pelo Fermi.


Imagens da nova V1674 Herculis obtidas 2,2 dias (esquerda) e 3,2 dias (meio) apĂłs a explosĂŁo, mostrando dois fluxos de gĂĄs perpendiculares.
À direita, uma impressão artística.
Crédito: The CHARA Array

Estas descobertas ajudam a explicar as ondas de choque poderosas nas novas, fontes de radiação gama. O telescópio Fermi desempenhou um papel determinante ao estabelecer esta ligação, tornando as novas laboratórios para estudar a física dos choques. Laura Chomiuk da Michigan State University nota que ver como a matéria é ejetada permite articular as reaçÔes nucleares, a geometria dos fluxos e a radiação de alta energia.

A capacidade de resolver tais detalhes vem da interferometria, complementada por espetros de observatórios como o Gemini. John Monnier da Universidade do Michigan qualifica este avanço de extraordinårio, abrindo uma nova janela para este tipo de eventos cósmicos. Elias Aydi, autor principal, compara isto a passar de uma foto granulada para um vídeo de alta definição.

Fonte: Nature Astronomy
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