Cédric - Sexta-feira 11 Julho 2025

🦴 Descoberta de uma fábrica de gordura com 125 mil anos

Há 125 mil anos, nas planícies da Alemanha, grupos de neandertais transformavam ossos em preciosas reservas energéticas. Uma descoberta recente revoluciona nossa visão sobre suas habilidades técnicas e organizacionais.

As pesquisas realizadas no sítio de Neumark-Nord revelam práticas sofisticadas, muito distantes da imagem simplista do caçador-coletor primitivo. Os neandertais exploravam sistematicamente a gordura animal, um recurso vital para sobreviver aos rigores climáticos. Este avanço científico, publicado na Science Advances, lança nova luz sobre suas estratégias de subsistência.


De ossos inteiros a fragmentos minúsculos.
Foto: Kindler, LEIZA-Monrepos


Uma exploração metódica das carcaças


Os arqueólogos identificaram mais de 118 mil fragmentos de ossos pertencentes a 172 grandes mamíferos, principalmente cavalos e auroques. Estes ossos apresentam marcas de fraturas intencionais e aquecimento, indicando um tratamento minucioso.


A concentração dos restos em uma área limitada sugere um local especializado, dedicado à produção de gordura. Os neandertais selecionavam os ossos mais ricos em lipídios, como fêmures, e evitavam as partes menos nutritivas.

Esta atividade exigia um planejamento rigoroso, desde a caça até o armazenamento das carcaças. Os pesquisadores levantam até a hipótese de esconderijos temporários para otimizar o rendimento energético.

Habilidades técnicas inesperadas


A extração de gordura por aquecimento na água representa uma técnica avançada, muito mais complexa que o simples consumo de tutano. Os neandertais dominavam este processo bem antes da chegada do Homo sapiens na Europa.

Ferramentas de pedra e fogueiras atestam um know-how elaborado. Os resíduos vegetais carbonizados (avelãs, bolotas) mostram também uma alimentação diversificada, combinando gorduras animais e carboidratos.

Estas descobertas confirmam que os neandertais adaptavam seus métodos às restrições sazonais. Sua capacidade de antecipar escassezes no inverno reflete uma inteligência prática notável.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Science Advances
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