Cédric - Domingo 30 Março 2025

Descoberta de um "triturador de estrelas" na nossa galáxia 🌀

O centro galáctico esconderia uma população inesperada de buracos negros estelares, muito mais densa do que o previsto. Um estudo recente propõe um mecanismo inédito que explica sua acumulação e seus efeitos destrutivos sobre as estrelas vizinhas.


Esta região, dominada pelo buraco negro supermassivo Sagittarius A* (Sgr A*), é palco de fenômenos extremos. Ocultada por nuvens de poeira, ela só revela seus segredos através de observações em infravermelho e ondas de rádio. As novas modelagens publicadas na Astronomy & Astrophysics sugerem um cenário de "trituração estelar" alimentado por milhões de buracos negros.

Um ecossistema galáctico violento


A proximidade de Sgr A* cria condições únicas onde o gás e a poeira atingem densidades excepcionais. Essa concentração permite a rápida formação de estrelas massivas dos tipos O e B, verdadeiras gigantes com um destino trágico. Sua curta existência, inferior a 5 milhões de anos para as mais massivas, alimenta um ciclo infernal de criação e destruição.


O modelo revela que cada geração estelar deixa para trás uma coorte de buracos negros estelares. Esses vestígios gravitacionais, acumulados ao longo de bilhões de anos, acabariam por dominar a dinâmica local. Sua presença massiva aceleraria as interações violentas, rasgando as estrelas sobreviventes e liberando matéria para novos ciclos de formação estelar.

Essa "máquina de triturar" cósmica atingiria uma eficiência impressionante perto do núcleo galáctico. Os cálculos mostram que a probabilidade de colisão entre estrelas e buracos negros seria 1000 vezes maior do que em qualquer outro lugar da Via Láctea. Um ambiente assim explicaria por que apenas as estrelas B, menos massivas e mais resilientes, conseguem sobreviver por mais tempo nessa zona hostil.

Evidências indiretas e implicações


As estrelas massivas do tipo O, gigantes 20 a 100 vezes maiores que o nosso Sol, são muito mais vulneráveis aos buracos negros do que suas primas menores. É como se você tivesse mais chances de pisar em uma grande poça d'água do que em uma pequena gota – seu tamanho imponente as expõe mais às forças destrutivas.

Quando essas estrelas gigantes se aproximam demais de um buraco negro, sofrem o que chamamos de "espaguetificação": esticadas como um elástico pela gravidade intensa até se romperem completamente. As estrelas do tipo B, mais compactas (apenas 2 a 16 vezes o tamanho do Sol), resistem melhor a essas forças extremas.

Essa teoria resolve dois enigmas: a ausência de estrelas O perto do centro galáctico e a existência de estrelas "hipervelozes". Quando uma estrela B sobrevive a um encontro próximo com dois buracos negros, pode ser catapultada a velocidades fenomenais, como uma pedra lançada por uma funda cósmica, rápido o suficiente para escapar da Via Láctea.

Autor do artigo: Cédric DEPOND
Fonte: Astronomy & Astrophysics
Ce site fait l'objet d'une déclaration à la CNIL
sous le numéro de dossier 1037632
Informations légales