Ao estudar os dados da missão espacial Solar Orbiter da ESA, uma equipa de investigação descobriu um novo tipo de vento solar que desafia a nossa compreensão dos mecanismos de aceleração destes fluxos de partículas carregadas emitidas pela nossa estrela. Esta descoberta importante acaba de ser publicada na revista Astronomy & Astrophysics.
Foi ao explorar os dados da missão Solar Orbiter que uma equipa de investigação do CNRS Terre & Univers (ver quadro) evidenciou este vento solar rápido com propriedades no mínimo inesperadas. Os resultados questionam muitas certezas sobre os mecanismos de aceleração do vento solar.
Tudo começa na baixa atmosfera solar, onde linhas de campo magnético — ditas "abertas" — delimitam tubos de fluxo que servem de condutos ao vento solar. À medida que nos afastamos do Sol, estes tubos sofrem um alargamento progressivo.
No entanto, este alargamento das linhas abertas é muito mais forte na alta coroa solar, devido ao desaparecimento com a altitude das linhas de campo chamadas "fechadas", cujas duas extremidades estão ancoradas na superfície do Sol, e que, pela sua ausência, deixam grandes regiões "vazias" na atmosfera solar que são preenchidas pelas linhas abertas: é o que se chama de super-expansão.
Até agora, os cientistas consideravam este fenómeno apenas como um fator de forte desaceleração do vento, principalmente porque alargar o diâmetro de um fluxo reduz a velocidade do fluido que nele circula, levando naturalmente a vento lento e, portanto, sem pensar que isto pudesse ter um papel na aceleração do vento solar rápido.
E no entanto... Ao estimar a proveniência do vento solar observado pela Solar Orbiter durante um ano e meio, a existência de um vento rápido originário destas regiões de expansão muito forte foi claramente evidenciada. Para explicar este fenómeno, os investigadores avançam uma hipótese: o efeito de tubeira de Laval estaria em ação na formação deste tipo de vento rápido recém-observado.
Esta descoberta abre caminho a novas perspetivas, tanto para a nossa compreensão fundamental dos mecanismos de formação e aceleração dos ventos solares rápidos como para a melhoria dos modelos de previsão. Estes desempenham um papel crucial na antecipação da evolução das erupções solares que, em períodos de forte atividade solar, podem perturbar seriamente o nosso campo magnético terrestre e as telecomunicações.
Fonte: CNRS INSU